Agência France-Presse
postado em 06/11/2018 09:07
Manágua, Nicarágua - O governo nicaraguense reconheceu na última segunda-feira (6/11) a existência de 273 presos por participarem desde abril de protestos contra o presidente Daniel Ortega, e garantiu que os direitos humanos, como assistência médica e visitas familiares, estão sendo respeitados.
A esses réus "é dada atenção igual à que é conferida a qualquer preso nicaraguense ou de outra nacionalidade", assegurou o ministro de Governo Luis Caña, em uma entrevista coletiva em que negou que os detidos nos protestos sejam "presos políticos".
Segundo o relatório apresentado pelo Ministério de Governo (Mingo), que controla o funcionamento do sistema penitenciário nacional, nas prisões nicaraguenses há 273 manifestantes presos, dos quais 17 são mulheres.
A maioria dos detidos estão sendo processados por terrorismo, crime organizado ou outros delitos como porte ilegal de armas, assassinato ou sequestro, atribuídos pela Procuradoria por sua participação em protestos contra o governo.
A Nicarágua implementou em julho uma lei que criminaliza os manifestantes como "terroristas", com penas de até 20 anos de prisão.
A opositora Unidade Nacional Azul e Branco contabiliza pelo menos 552 pessoas detidas por protestar e afirmam que elas "estão sendo submetidas a tratamentos cruéis e degradantes, a violações sexuales como método de tortura e, no caso das mulheres, a violência machista de seus carcereiros".
A repressão aos protestos contra o governo de Ortega deixou mais de 320 mortos, segundo grupos humanitários, enquanto as fontes oficiais contabilizam 199 vítimas fatais.