postado em 08/11/2018 17:36
Nova Délhi, Índia - A poluição do ar aumentou nesta quinta-feira (8) em Nova Délhi, no dia seguinte ao Diwali, o grande festival de luzes dos hindus, e seus tradicionais fogos de artifício.
Ao amanhecer, uma neblina tóxica envolvia os monumentos emblemáticos da cidade, como a Porta da Índia e o Forte Vermelho, e dificultava a visibilidade. Na rua viam-se pessoas usando máscaras para se proteger.
Às 08H00, a embaixada americana em Nova Délhi registrava uma concentração de partículas finas (PM2,5) superior a 1.000 microgramas por metro cúbico de ar, mais de 40 vezes acima do limite de 25 recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
"Por alguns momentos de diversão, as pessoas estão dispostas a pôr o planeta em risco. É uma loucura", lamentou Pranav Yadav, estudante de 19 anos, enquanto se dirigia ao metrô com a boca coberta por uma máscara. "Neste ritmo todas as crianças de Nova Délhi sofrerão de doenças respiratórias".
Parte da sociedade indiana nega a poluição atmosférica ou parece se resignar, em um país de 1,2 milhão de habitantes onde com frequência o crescimento econômico ocorre às custas da deterioração do meio ambiente.
Para tentar limitar a degradação da qualidade do ar com motivo do festival das luzes, o Tribunal Supremo indiano só autorizou a venda de fogos considerados "limpos" na capital. E limitou seu uso a uma faixa horária, entre 20h e 22h de quarta-feira.
As restrições parecem ter surtido pouco efeito. A soltura de fogos de artifício se prolongou até muito mais tarde, poluindo o ar, já afetado, desta cidade de 20 milhões de habitantes.
Fervor religioso
A polícia de Nova Délhi abriu várias investigações pela violação das proibições. Segundo Sunil Dahiya, do Greenpeace Índia, o fervor religioso de Diwali foi mais forte, uma vez mais, que o perigo que a poluição representa para a saúde pública. As pessoas "pensam que como a poluição é alta o ano todo, um dia de festa não fará muita diferença".
Em 2015, a poluição atmosférica, terrestre e aquática provocou 2,5 milhões de mortes na Índia, segundo um estudo publicado na revista científica The Lancet.
A estrutura federal do país complica a luta contra a poluição do ar, porque alguns organismos responsabilizam outros da situação.
Nesta época, o frio e a ausência de vento transformam Nova Délhi em uma "câmara de gás", segundo a expressão usada pelas autoridades locais.
As partículas em suspensão presentes nesta neblina acentuam os riscos de doenças cardiovasculares e de câncer de pulmão. As menores (PM2,5) conseguem se infiltrar no organismo e no sangue através dos pulmões.
A poluição do ar é especialmente devastadora para as crianças, segundo um estudo recente da OMS. Por ano, mata cerca de 600.000 menores de 15 anos no mundo.