Agência France-Presse
postado em 13/11/2018 11:28
Gaza, Territórios palestinos - Uma nova explosão de violência sacudiu nesta segunda-feira (12/11) a Faixa de Gaza, onde o Exército israelense respondeu com ataques aéreos aos disparos de dezenas de foguetes palestinos, fazendo temer um novo conflito na região.
Três palestinos foram mortos, dois no norte e um no sul da Faixa de Gaza, enquanto outros nove ficaram feridos pelos ataques israelenses, uma represália aos foguetes disparados da Faixa de Gaza que mataram um israelense e feriram dezenas, inclusive uma mulher que se encontra em estado crítico.
A vítima fatal israelense estava em um prédio atingido em Ashkelon, o mesmo de onde foi retirada a mulher em estado crítico, segundo um membro da organização de emergência United Hatzalah. Vários foguetes palestinos foram disparados da Faixa de Gaza em direção a Israel, que respondeu imediatamente com bombardeios.
O movimento islâmico palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, anunciou ser o autor do lançamento nesta segunda-feira de dezenas de foguetes contra Israel, afirmando, em um comunicado, que revidou a morte de sete de seus combatentes em confronto no domingo com o Exército israelense.
O Exército israelense indicou, por sua vez, que um ônibus israelense foi atingido por um tiro que veio da Faixa de Gaza. Também nesta segunda, a Força Aérea israelense destruiu o edifício da Al-Aqsa TV, a emissora do Hamas. Ainda não há informação sobre vítimas.
Os ataques israelenses foram antecedidos pelo envio de dispositivos não explosivos, ou de baixa potência, os quais o Exército israelense costuma usar para indicar aos ocupantes de um prédio civil que esvaziem as instalações antes de um ataque.
Além disso, também foi atingido um antigo hotel, onde funcionavam os serviços de segurança no centro da cidade de Gaza. Essas hostilidades acontecem depois de meses de tensões, que elevaram o medo de uma quarta guerra em dez anos entre Israel e o Hamas.
Elas ocorrem um dia depois de uma operação das forças especiais israelenses, que terminou com a morte de um oficial israelense e sete palestinos.
Ao fim de um dia de relativa calma, a violência foi retomada nesta segunda no final da tarde: um disparo da Faixa de Gaza atingiu diretamente um ônibus israelense, ferindo gravemente uma pessoa, e o Exército hebreu atacou uma posição no território palestino. A relação entre esses dois eventos não é clara.
Em pouco tempo, uma série de foguetes palestinos foi lançada em direção a Israel. O Exército israelense indicou ter registrado cerca de 300 disparos procedentes de Gaza, incluindo 60 interceptados pelo sistema de defesa antimísseis.
O Exército israelense mobilizou reforços e meios significativos, assim como baterias antimísseis suplementares, afirmou um porta-voz, o tenente-coronel Jonathan Conricus. "Estamos prontos para aumentar nosso esforço contra as organizações terroristas", disse aos jornalistas.
O enviado especial da ONU, Nickolay Mladenov, afirmou, por sua vez, que continua a trabalhar com o Egito para afastar Gaza da beira do abismo. "A escalada das últimas 24 horas é extremamente perigosa", tuitou, acrescentando que "moderação deve ser demonstrada por todos".
Dezenas de foguetes
Três pessoas ficaram feridas por um foguete que caiu em Sderot, cidade do sul de Israel perto da Faixa de Gaza, e foram internadas, informou o hospital, acrescentando que sua condição é estável. Outros disparos alcançaram casas em Ashkelon e Netivot.
Aviões de combate, helicópteros de ataque e tanques israelenses responderam, disparando contra mais de 20 posições do Hamas e da Jihad Islâmica, anunciou o Exército israelense.
No domingo à noite, um tenente-coronel israelense e sete palestinos, incluindo um comandante local do braço armado do Hamas, morreram em uma incursão de forças especiais israelenses na Faixa de Gaza.
Nesta segunda à noite, as brigadas Ezzedin al-Qassam, o braço armado do Hamas, disseram ter lançado os foguetes em represália aos episódios de domingo. "As brigadas al-Qassam respondem ao crime de ontem", justificaram em um comunicado, no qual disseram se manifestar em nome de diferentes grupos armados, incluindo a Jihad islâmica, segunda força islamista em Gaza.
Esses grupos da resistência anunciam terem começado a atingir posições do inimigo com a ajuda de dezenas de foguetes, acrescentaram. As brigadas al-Qassam ameaçaram intensificar seus ataques, em função da resposta israelense.
O tenente-coronel morto no domingo é o segundo militar israelense abatido desde a escalada das tensões entre Israel e a Faixa de Gaza no final de março. Pelo menos 231 palestinos foram mortos a tiros israelenses desde essa data.
O confronto de domingo provocou o retorno prematuro de viagem do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Incursão israelense
Nesta segunda, Netanyahu teve uma reunião com o ministro da Defesa, Avigdor Lieberman, e com autoridades de segurança. A origem dessa escalada parece estar em uma incursão de soldados que terminou mal.
O Exército israelense falou de uma operação de Inteligência e negou que se tratasse de uma tentativa de assassinar, ou de capturar palestinos, como disse o Hamas.
Segundo as brigadas Ezzedin al-Qassam, soldados israelenses à paisana avançavam no território de Gaza a bordo de um veículo civil, quando foram parados por uma patrulha no leste de Khan Yunis.
Qualquer infiltração israelense no território submetido a um rigoroso bloqueio representa uma missão de alto risco.
Guerra, se necessário
Entre os sete palestinos mortos está uma autoridade local das brigadas al-Qassam, identificado como Nur Baraka, e outros cinco membros das Forças Armadas do Hamas, disseram fontes de segurança.
O sétimo morto foi identificado como pertencente aos Comitês de Resistência Popular, uma aliança de grupos armados.
Pelo menos 17 foguetes haviam sido lançados para Israel, afirmou o Exército. Nenhuma vítima foi relatada.
Os sinais de um possível relaxamento se sucederam, contudo, nas últimas semanas em Gaza e ao redor desse território.
As autoridades israelenses, que controlam todos os acessos ao território à exceção da fonteira egípcia, autorizaram o Catar, na semana passada, a enviar 15 milhões de dólares para pagar pelo menos parcialmente os funcionários do Hamas.
A operação ocorre junto dos esforços iniciados há meses pelo Egito e pela ONU para uma trégua durável entre Israel e o Hamas.
O premiê israelense declarou que "não recuará diante de uma guerra", se ela for necessária, mas buscará evitá-la, "se não for indispensável".