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May promete anunciar novo secretário do Brexit 'em um ou dois dias'

A líder conservadora desconversou quando questionada sobre se havia oferecido o cargo ao atual secretário para Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais, Michael Gove, limitando-se a elogiar o seu trabalho na pasta

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, afirmou nesta sexta-feira (16/11) que ainda não há uma definição sobre quem será o novo secretário do Brexit, mas que ela anunciará o nome "nos próximos um ou dois dias". À emissora de rádio LBC, a líder conservadora desconversou quando questionada sobre se havia oferecido o cargo ao atual secretário para Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais, Michael Gove, limitando-se a elogiar o seu trabalho na pasta.

Cerca de uma hora após a fala da premiê, o jornal britânico The Times noticiou, com base em uma fonte anônima, que Gove recebeu a oferta e a recusou, mas ainda assim decidiu permanecer no gabinete.

Respondendo não só a perguntas do radialista Nick Ferrari como também a perguntas de ouvintes, May disse que o acordo de retirada será "finalizado" na reunião do Conselho Europeu convocada para o próximo dia 25 e, depois, caberá a cada membro do Parlamento britânico analisar os termos definitivos com que a premiê voltará de Bruxelas.

"Meu trabalho é, primeiro e principalmente, convencer os meus colegas conservadores sobre o acordo com a União Europeia", ela comentou, num momento em que apoiadores de um Brexit "duro" nas fileiras do seu próprio partido buscam juntar o número mínimo de 48 cartas pedindo um voto de desconfiança no Parlamento para derrubar a premiê.

May acrescentou, contudo, que buscará produzir um documento que seja convincente também para outros parlamentares, independentemente de sua legenda. Os votos do norte-irlandês Partido Unionista Democrático (DUP, na sigla em inglês), particularmente, serão cruciais para aprovar o acordo em uma eventual decisão final do Parlamento.

Justamente por isso, Ferrari a questionou se ainda contava com o apoio do DUP. A conservadora se esquivou com uma resposta vaga, alegando que continuará conversando com os norte-irlandeses.

Aos ouvintes, May defendeu que nas negociações em torno de um acordo para o Brexit não foi só o lado britânico que fez concessões. Ela argumentou que a União Europeia cedeu em pontos importantes, como nos territórios comerciais em um eventual arranjo para evitar uma fronteira irlandesa dura e no alcance da jurisdição do Tribunal de Justiça da União Europeia.

Por outro lado, quando questionada por uma cidadã britânica expatriada na Espanha sobre o que um Brexit sem acordo significaria para os seus direitos residindo na União Europeia, May disse "esperar" que o bloco "projeta os direitos de britânicos" assim como ela prometeu proteger os direitos de cidadãos dos demais Estados-membros da UE morando no Reino Unido.

Ela reconheceu, ainda, que Londres tem a "obrigação legal" de fazer um pagamento de 39 bilhões de libras a Bruxelas como fruto de uma "liquidação financeira" após a saída do bloco.

Na transmissão, May admitiu que também tem preocupações sobre o formato do arranjo emergencial para evitar a necessidade de se erguerem estruturas físicas na divisa entre a Irlanda do Norte, que é parte do Reino Unido, e a República da Irlanda, integrante da UE, no caso de não haver ainda um acordo do Brexit em vigor em 29 de março de 2019. É nesta data que se completam dois anos a partir do dia em que Londres protocolou o pedido de retirada segundo o Artigo 50 do tratado do bloco.

À pergunta do radialista Nick Ferrari sobre se permitiria aos membros de primeiro escalão do seu governo fazer uma votação livre sobre o documento final que for produzido na reunião do Conselho Europeu, no próximo dia 25 de novembro, May se esquivou e, sem dizer "não", argumentou que "há responsabilidade coletiva de gabinete" no Reino Unido.

"Vou o acordo de volta para o Parlamento após o Conselho Europeu e caberá a seus membros decidir se é um acordo bom para o país e que proteja empregos", respondeu, concluindo: "Há responsabilidade de gabinete e o governo colocará sua posição ao Parlamento."