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Submarino argentino San Juan, desparecido há um ano, implodiu

O AR San Juan, que desapareceu há exatamente um ano no Oceano Atlântico, com 44 tripulantes a bordo, foi localizado na sexta-feira

Agência France-Presse
postado em 17/11/2018 13:01
O AR San Juan, que desapareceu há exatamente um ano no Oceano Atlântico, com 44 tripulantes a bordo, foi localizado na sexta-feira
O submarino San Juan, da Marinha argentina e desaparecido há um ano, implodiu, informou o chefe da base naval de Mar del Plata, Gabriel Attis, neste sábado, horas após sua descoberta.

"O submarino sofreu uma implosão. Pode ser visto completo, mas obviamente implodiu", disse Attis à imprensa.

O AR San Juan, que desapareceu há extamente um ano no Oceano Atlântico, com 44 tripulantes a bordo, foi localizado na sexta-feira, informou a força armada em sua conta no Twitter neste sábado.
"Tendo investigado o ponto de interesse No. 24 relatado pela Ocean Infinity, através da observação feita com um ROV de 800 metros de profundidade, identificação positiva foi dada a #AraSanJuan", diz a mensagem da Marinha, referindo-se à empresa que estava buscando o submarino há meses.

O último contato com o submarino "AR San Juan" ocorreu em 15 de novembro de 2017, quando navegava no Golfo de São Jorge, a 450 km da costa.

Ele voltava de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e se dirigia para Mar del Plata.

"O navio da Ocean Infinity decidiu realizar uma nova busca e graças a Deus localizou a zona onde o submarino está afundado", declarou o porta-voz da Marinha Rodolfo Ramallo à emissora de televisão TN.

"Agora se abre um novo capítulo", acrescentou Ramallo.

A busca por "ARA San Juan" começou 48 horas após o último contato. Treze países colaboraram, mas a maioria se retirou antes do final de 2017, sem resultados.

"Estamos destruídos"

Antes de anunciar publicamente a descoberta do submarino, as autoridades alertaram aos parentes da tripulação que todos a bordo morreram.

"Eu ainda tinha esperanças de que eles pudessem estar vivos", declarou Luis Niz, pai de um dos marinheiros, aos jornalistas, visivelmente emocionado.

Yolanda Mendiola, mãe do cabo Leandro Cisneros, 28 anos, disse à AFP que se reencontra reunida com membros de outras famílias que aguardavam mais detalhes.

"Estamos todos destruídos", afirmou.

"Agora queremos saber o que aconteceu, Houve falhas, claro. A justiça tem que investigar. Se houver culpados, que sejam punidos. Dá para imaginar. São 44 meninos, e quando entraram naquele submarino, estavam vivos", acrescentou.

A maioria dos familiares dos 44 tripulantes, entre os quais havia uma mulher, permaneceu por um ano em Mar del Plata, aguardando notícias.

A pressão das famílias, que juntaram recursos e acamparam 52 dias na Praça de Maio, em frente à sede da Presidência, em Buenos Aires, levou à contratação da Ocean Infinity para retomar o rastreamento.

O navio da Ocean Infinity partiu no dia 7 de setembro com quatro membros da família a bordo e estava prestes a interromper a busca quando ocorreu a descoberta.

Apenas um dia antes, a Marinha organizou um ato em homenagem à tripulação do submarino San Juan, em Mar del Plata, por ocasião do aniversário de um ano de seu desaparecimento.

A cerimônia contou com a presença do presidente Mauricio Macri e também de vários parentes dos marinheiros.

O investimento nos trabalhos de buscas alcança 920 milhões de pesos (25,5 milhões de dólares).

Explosão

Lançado na Alemanha em 1983 e incorporado à Marinha argentina em 1985, o "San Juan" era um dos três submarinos do país e seu processo de reparos havia terminado em 2014.

No dia do acidente, uma explosão foi registrada três horas depois da última comunicação com o submarino, quando o capitão da embarcação reportou a superação de uma falha no sistema de baterias devido à entrada de água pelo snorkel.

A tragédia motivou a destituição do comandante da Marinha, Marcelo Srur.

Alguns tripulantes comentaram que a embarcação tinha sido seguida por navios ingleses.

Isso fez que alguns familiares pensassem que poderiam ter passado pela zona de exclusão das Ilhas Malvinas, cuja soberania motivou um conflito entre Argentina e Grã-Bretanha em 1982.

Relembre os acidentes com submarinos com mais vítimas

Submarino russo Kursk (118 mortos)
Em 12 de agosto de 2000, o submarino nuclear russo da frota do Mar do Norte, "Kursk", foi destruído durante uma manobra no Mar de Barents (noroeste da Rússia) após a explosão de um torpedo.

Os 118 marinheiros que estavam a bordo do submarino morreram.

Enquanto o país acompanhava o evento ao vivo, o presidente Vladimir Putin continuou suas férias nas margens do Mar Negro.

Oito dias depois, uma operação internacional de resgate foi lançada, atrasada pela relutância de Moscou em aceitar a ajuda ocidental.

Quando, no dia 21, os mergulhadores noruegueses finalmente conseguiram abrir a eclusa, era tarde demais para resgatar os 23 marinheiros que haviam sobrevivido à explosão.

Submarino chinês Ming (70 mortos)
Em 2 de maio de 2003, a agência oficial chinesa Xinhua anunciou que um submarino de classe "Ming" participando de um exercício perto das Ilhas Neichangshan, na província de Shandong, registrou uma falha mecânica que causou a morte dos 70 membros de sua tripulação.

Poucos detalhes vazaram, mas, segundo analistas, foi o acidente submersível mais sério desde a fundação da República Popular da China em 1949.

Submarino soviético Kosmolets (142 mortos)
Em 7 de abril de 1989, um curto-circuito causou um incêndio a bordo do "Kosmolets", um submarino de ataque de propulsão nuclear e casco de titânio que navegava em águas internacionais, a 500 km das costas norueguesas.

Orgulho da marinha soviética, esta classe submersível ultramoderna chamada de "Mike" estava equipada com mísseis com ogivas nucleares.

Depois de ativar o procedimento de emersão de emergência, o submarino, de 110 metros de comprimento, alcançou a superfície e várias dezenas de tripulantes conseguiram deixar o navio, em chamas, atirando-se nas águas glaciais.

Quarenta e dois marinheiros morreram e 27 foram resgatados.

Submarino russo Nerpa (42 mortos)
Em 8 de novembro de 2008, no Oceano Pacífico, 20 pessoas a bordo do submarino russo "Nerpa" morreram asfixiadas depois de inalar o gás freon, liberado pelo sistema de incêndio, ativado por engano.

O acidente ocorreu no Mar do Japão, onde o K-152 "Nerpa" estava sendo testado antes de ser alugado pela Índia.

Mais de 200 pessoas estavam a bordo em uma área de superfície planejada para 80.

Entre as vítimas, havia 17 civis do estaleiro onde o submarino de ataque movido a energia nuclear tinha acabado de ser construído.

Submarino indiano Sindhurakshak (18 mortos)
Em 14 de agosto de 2013, no meio da noite, o submarino militar "INS Sindhurshak" foi destruído por uma explosão no estaleiro de Bombaim (oeste da Índia) em que estava estacionado, não deixando sobreviventes entre os 18 marinheiros que estavam a bordo.

Construído em 1995 em São Petersburgo, o navio de propulsão diesel e elétrico de 2.300 toneladas havia sido reformado por uma empresa russa. Este foi o pior acidente conhecido pela marinha Indiana em mais de 40 anos.

Seis meses depois, dois marinheiros morreram na costa de Bombaim por causa de um vazamento no compartimento da bateria do submarino "INS Sindhuratna".

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