Agência France-Presse
postado em 22/11/2018 09:37
Seul, Coreia do Sul - O líder de uma seita sul-coreana foi condenado nesta quinta-feira (22/11) a 15 anos de prisão acusado de estuprar oito mulheres, incluindo algumas que o consideravam Deus. As vítimas do pastor Lee Jaerock "eram incapazes de opor resistência, pois estavam submetidas à autoridade religiosa absoluta do acusado", afirmou o juiz Chung Moon-sung no tribunal do distrito central de Seul.
A devoção religiosa pode ser muito intensa na Coreia do Sul, onde 44% dos habitantes se declaram fiéis. A maioria dos fiéis está vinculada a Igrejas reconhecidas, com frequência ricas e poderosas. Mas o país também possui muitas igrejas à margem, algumas delas envolvidas em casos de fraude, coação, "lavagem cerebral", manipulação dos frequentadores e outras práticas sectárias.
Quase 60 pessoas afirmam ter essência divina no país, segundo especialistas. Lee Jaerock fundou a igreja de Manmin, de inspiração protestante, em Guro, bairro de Seul, em 1982. A congregação afirma ter 130.000 fiéis atualmente, conta com uma grande sede, um auditório luxuoso e o site destaca o grande número de milagres em seu templo.
Após as revelações do movimento #MeToo, três fiéis denunciaram este ano o líder religioso, que as forçou a manter relações sexuais. "Não fui capaz de resistir a ele. Era mais que um rei. Ele era Deus", afirmou uma vítima, integrante da igreja desde a infância, em uma entrevista a um canal de TV.
O pastor disse a outra vítima que ela estava no paraíso e deveria ficar nua, como Adão e Eva no Jardim do Éden. "Chorei porque odiava fazer isto", declarou.
Oito mulheres denunciaram o pastor e o tribunal o declarou culpado por dezenas de estupros durante um longo período.
"Em seus sermões, o acusado sugeriu, direta ou indiretamente, que era o espírito santo", destacou o juiz. E as vítimas pensavam que ele "era um ser divino com poderes divinos", completou.
Lee Jaerock, que nega as acusações, escutou o veredicto com os olhos fechados e não mostrou qualquer emoção diante de mais de 100 fiéis que assistiram o julgamento.
O advogado do pastor acusou as denunciantes de mentir como forma de vingança depois que foram expulsas por terem violado as regras da igreja.