Agência Estado
postado em 26/11/2018 10:49
O Conselho de Segurança e Defesa ucraniano, reunido em caráter de urgência, propôs na madrugada desta segunda-feira, 26, ao presidente Petro Poroshenko a reintrodução da lei marcial durante 60 dias. A decisão precisa ser validade pelo Parlamento, que realizará sessão extraordinária na tarde de segunda, mas o voto a favor da medida não é garantido.
"Para obrigar os navios militares ucranianos a pararem, foram usadas armas", declararam os serviços de segurança russos (FSB), afirmando que "os três navios da Marinha ucraniana foram revistados". "Três membros do pessoal ucraniano feridos receberam atendimento médico. Suas vidas não correm perigo", acrescentou o FSB.
"Tendo violado a fronteira russa esta manhã, os navios ucranianos - o Berdyansk, o Nikopol e o Yani Kapu - tentaram novamente, em 25 de novembro, às 19 horas (horário de Moscou), realizar ações ilegais nas águas internacionais russas", indicaram as forças de segurança russas.
Os navios ucranianos não teriam respondido aos pedidos legais dos navios de autoridades russas, que lhes ordenaram que parassem e teriam "realizado uma manobra perigosa". Uma testemunha ouvida pela agência Reuters disse que as embarcações apreendidas pela Rússia continuam no porto de Kerch, na Crimeia.
Antes, a Marinha de Guerra ucraniana havia acusado a Rússia de capturar três navios militares no estreito de Kerch, após ter atirado em sua direção. O presidente ucraniano também denunciou "um ato agressivo da Rússia, buscando uma escalada premeditada" nesta região e convocou seu gabinete militar.
"Os navios blindados de artilharia Berdiansk e Nikopol foram atingidos por disparos do inimigo e não podem mais navegar. O rebocador Yani Kapu teve que parar", afirmou na noite de domingo a Marinha ucraniana.
Segundo os militares ucranianos, os guardas fronteiriços russos se chocaram contra um de seus rebocadores no mar Negro, em frente à Crimeia, anexada em 2014 a Moscou, no âmbito de ações abertamente agressivas contra navios ucranianos para impedir-lhes o acesso ao mar de Azov.
Reações
Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU foi convocada para esta segunda-feira, anunciou a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley. De acordo com fontes diplomáticas, o encontro foi solicitado tanto pela Rússia como pela Ucrânia.
Em Bruxelas, a União Europeia e a Otan solicitaram uma inversão na escalada nas tensões na região e pediram a Moscou para "restaurar a liberdade de passagem" mo estreito de Kerch. A Otan também anunciou uma reunião de emergência nesta segunda para discutir o caso.
"Nós esperamos que a Rússia restaure a liberdade de passagem pelo estreito de Kerch e chamamos todas as partes a agir com máxima moderação", declarou a UE em um comunicado. A Otan também apelou "à moderação" através de um porta-voz.
Os acontecimentos no mar de Azov mostram o que pode acontecer em razão do "desprezo às regras de base da cooperação internacional", considerou a UE em seu comunicado, destacando que "a construção da ponte de Kerch (pela Rússia) foi efetuada sem o consentimento da Ucrânia e constitui uma nova violação da soberania e da integridade territorial" deste país.
A UE "não reconhece e não reconhecerá a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia", concluiu o comunicado.
A Otan declarou, por sua vez, "apoiar totalmente a soberania da Ucrânia e sua integridade territorial, inclusive seus direitos de navegação em águas territoriais". "Pedimos à Rússia para garantir um acesso sem obstáculos nos portos ucranianos no mar de Azov, conforme a lei internacional", concluiu uma porta-voz da Otan.
Acesso ao estreito
A Rússia reabriu nesta segunda-feira o estreito de Kerch, que liga os mares Negro e de Azov. "O estreito foi aberto esta manhã", disse Alexei Volkov, diretor-geral da empresa Portos Marítimos Crimeanos, para a imprensa russa.
Volkov, que lidera a empresa que administra o trânsito marítimo na região da Crimeia, anunciou no domingo que a passagem por meio do estreito de Kerch estava fechada para as embarcações civis por motivos de segurança.
A medida foi criticada pela UE, que pediu para se restaurar a liberdade de circulação marítima na região. (Com agências internacionais)