Agência France-Presse
postado em 29/11/2018 08:47
Manila, Filipinas - Três policiais filipinos foram condenados nesta quinta-feira (29/11) a duras penas de prisão pelo assassinato de um adolescente em 2017, a primeira sentença imposta a funcionários das forças de segurança envolvidos na violenta "guerra às drogas" do presidente Rodrigo Duterte.
O chefe de Estado, eleito em 2016 com a promessa de erradicar o tráfico de drogas no arquipélago, defende quase de modo sistemático os policiais que executam sua campanha contra os narcóticos, rebatendo os que acusam os agentes de graves violações dos direitos humanos.
Mas isto não aconteceu após a morte de Kian delos Santos em agosto de 2017, um ato que motivou protestos contra a guerra às drogas.
O assassinato do adolescente, de 17 anos, filho de um vendedor ambulante e de uma empregada doméstica imigrante, foi manchete em toda a imprensa e provocou indignação entre os filipinos.
A polícia acusou o jovem de ser um traficante de drogas que abriu fogo contra agentes durante uma operação. Mas as imagens das câmeras de segurança mostraram dois policiais prendendo o jovem, que não estava armado. Kian foi assassinado com dois tiros na cabeça.
A família da vítima não conteve as lágrimas nesta quinta-feira quando um tribunal da zona norte de Manila anunciou a condenação dos três policiais à prisão perpétua, com o cumprimento mínimo obrigatório de 20 anos da pena.
Desde que Duterte chegou ao poder, a polícia afirma que matou quase 5.000 pessoas em operações de combate às drogas. As organizações de defesa dos direitos humanos consideram que o balanço real é três vezes superior e que a campanha poderia ser considerada um crime contra a humanidade.
Os críticos da campanha antidrogas de Duterte elogiaram a decisão desta quinta-feira. "É um raio de esperança em meio ao escuro", afirmou a senadora de oposição Risa Hontiveros. "Apesar do macabro clima de assassinatos e da impunidade no país, este veredicto envia a mensagem de que há esperança e de que há uma justiça".