Agência France-Presse
postado em 03/12/2018 19:23
La Paz, Bolívia - Três protestos avançam rumo a La Paz contra uma nova candidatura do presidente boliviano, Evo Morales, a um quarto mandato, enquanto seu principal adversário, o ex-presidente Carlos Mesa, se consolida em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto.
Estas caminhadas, que partiram dos Andes, dos vales subtropicais e da planície, se encontrarão em La Paz na quinta-feira para se unir a outras manifestações que buscam que o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) inabilite Morales para as eleições de 2019.
As forças de oposição pedem respeito à Constituição e "à soberania do povo boliviano que, em um referendo de 21 de fevereiro (de 2016) rejeitou a reeleição" de Morales, disse à AFP Eduardo Gutiérrez, um dos líderes do grupo que percorre 150 km dos Andes até La Paz.
Agrupados em coletivos cidadãos, junto com partidos de oposição, os manifestantes pretendem evitar que o TSE avalize a candidatura de Morales, no poder desde 2006, para as eleições gerais de outubro do ano que vem pelo período 2020-2025.
Esta semana é fundamental, pois o TSE deve definir no sábado (8) quais dos nove candidatos estão habilitados para participar das inéditas eleições primárias em janeiro de 2019, uma prévia das gerais de outubro do ano que vem.
O governo desconsiderou o resultado do referendo alegando engano por uma trama sobre a existência de um filho do presidente, que depois não pôde ser comprovado, e conseguiu que no fim de 2017 o Tribunal Constitucional autorizasse a candidatura do presidente para um quarto mandato, argumentando quer era seu direito humano fazê-lo.
Para o presidente do Senado, o governista Milton Barón, as marchas carecem de "poder de convocação (e os opositores) usam isto para ganhar protagonismo".
Uma recente pesquisa do jornal Página Siete consolidou no primeiro lugar das intenções de voto o ex-presidente e opositor Carlos Mesa (2003-2005) com 34%, seguido de Morales, com 29%.
Em um eventual segundo turno, se ninguém passar dos 50% de votos, a distância de Mesa em relação a Morales aumentaria, com 51% para o primeiro e 36% para o segundo.