O gabinete do promotor especial Robert Mueller divulgou na terça-feira (4/11) um documento revelando que o ex-conselheiro de segurança da Casa Branca, Michael Flynn, cooperou "substancialmente" com a investigação sobre a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016 e o suposto conluio entre agentes do governo russo e a campanha de Donald Trump. Por causa da cooperação, Mueller pediu à justiça federal que não o condene à prisão.
Sem revelar pormenores sobre os 19 depoimentos de Flynn, por se tratar de "informação sensível sobre uma investigação em curso", Mueller sublinhou que o ex-assessor forneceu "informações em primeira mão" e "particularmente valiosas" sobre o "conteúdo e o contexto das interações entre a equipe de transição de Trump e funcionários do governo russo".
Para especialistas ouvidos pela imprensa americana, apesar de haver poucas informações divulgadas pelo gabinete de Mueller, há detalhes que devem preocupar os integrantes do grupo mais próximo de Trump, especialmente o genro do presidente e conselheiro sênior da Casa Branca, Jared Kushner.
A investigação sobre a interferência russa na eleição de 2016 descobriu que hackers russos entraram nos computadores da campanha democrata e deram as informações para o WikiLeaks disseminar como parte de um esforço para minar a candidatura presidencial de Hillary Clinton. Trump também estava fazendo negócios em Moscou em 2016 e teve outros projetos com presença russa. A investigação estaria interessada em saber se o Kremlin esperava em troca uma suspensão das sanções econômicas dos EUA.
O FBI examinou as ações de Kushner, que teve várias reuniões com o embaixador da Rússia nos EUA, Serguei Kislyak, entre 2016 e 2017. A Casa Branca afirmou que as reuniões faziam parte dos deveres diplomáticos de Kushner. O genro de Trump disse que suas interações com Flynn e Kislyak envolveram apenas discussões sobre a política da Síria, não sobre sanções econômicas à Rússia.
"Se Flynn deu informações diferentes sobre o que foi discutido nas reuniões com Kislyak isso poderia abrir novas linhas de frente com novos colaboradores", afirmou ao Washington Post Matthew Miller, ex-funcionário do Departamento de Justiça no governo Obama. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.