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May adia voto sobre Brexit no Parlamento do Reino Unido e dialogará com UE

A primeira-ministra do Reino Unido afirmou hoje que foi adiada "indefinidamente" a votação prevista para esta terça-feira sobre o Brexit

Agência Estado
postado em 10/12/2018 14:23

A primeira-ministra afirmou que pretende negociar com a UE, mas também que é preciso honrar o resultado do plebiscito de junho de 2016

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, afirmou hoje no Parlamento londrino que foi adiada "indefinidamente" a votação prevista para esta terça-feira sobre o acordo fechado entre seu governo e a União Europeia sobre a saída do país do bloco, o chamado Brexit. May disse que voltará a tratar com autoridades em Bruxelas, a fim de dar mais garantias aos congressistas britânicos para que possa haver apoio suficiente à estratégia defendida por ela. Ela disse que pretende especificamente tratar da questão da fronteira entre as Irlandas.


May argumentou que será preciso haver algum tipo de "backstop" entre as Irlandas, em referência a um mecanismo almejado para evitar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a Irlanda. Já os parlamentares críticos da estratégia dizem que o "backstop" poderia se tornar permanente, o que significaria um problema para a soberania nacional. May disse que procurará "garantias" da UE sobre o tema. Os legisladores insistiram, em declarações à premiê, que será preciso haver mudanças no acordo para que ela possa ter sucesso na votação mais adiante.

A primeira-ministra afirmou que pretende negociar com a UE, mas também que é preciso honrar o resultado do plebiscito de junho de 2016 e realizar o Brexit com soluções reais e que funcionem. "A questão fundamental é se os parlamentares querem ou não entregar o Brexit", questionou, dizendo que um segundo plebiscito sobre o tema poderia provocar divisão no país. Mesmo defendendo uma solução negociada, a premiê admitiu que serão acelerados os preparativos para uma eventual saída sem acordo com a UE.

Na avaliação de May, não aceitar o acordo já fechado entre o governo e Bruxelas elevará o risco de uma saída sem qualquer pacto com a UE. Isso, lembrou, trará problemas "significativos" no curto prazo para a economia nacional. "Os que discordam do acordo precisam apresentar soluções factíveis", levando em conta as posições do outro lado, ressaltou, insistindo na necessidade de uma saída com acordo. Para a premiê, a alternativa fechada por seu governo é ainda a melhor possível e atende "praticamente" ao resultado do plebiscito. A premiê mencionou também que pode haver uma extensão do período de implementação do Brexit, se necessário.

A líder admitiu que haveria uma derrota por "margem significativa" nesta terça-feira no Parlamento, se o governo decidisse levar adiante a votação. Presidente do Parlamento, John Bercow, conservador como May, questionou o fato de o governo agir dessa maneira, segundo ele privando os legisladores de se pronunciar com o voto neste momento. A oposição foi ainda mais dura, colocando em dúvida inclusive a capacidade de May de conseguir mudanças significativas, já que ela vinha insistindo que não haverá nada de muito diferente nos termos da saída, como o comando da UE também tem ressaltado.

Presidente do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn afirmou que o governo "perdeu o controle" e alertou para o aumento da incerteza para as empresas, no contexto atual. Alguns deputados pediam inclusive que May, caso não tenha condições de conseguir acordo melhor, abandone o cargo para que algum outro premiê possa tentar conseguir solução melhor.

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