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Canadá concede liberdade sob fiança a executiva da Huawei

As condições de libertação incluem a entrega de seus dois passaportes, permanência em uma de suas residências de Vancouver e uso tornozeleira eletrônica

Agência France-Presse
postado em 12/12/2018 08:39
Robert Long (E) e Ada Yu mantêm cartazes em favor do diretor financeiro da Huawei Technologies, Meng Wanzhou, fora de sua audiência de fiança nos tribunais superiores da Colúmbia Britânica após sua prisão em 1o de dezembro no Canadá por extradição para os EUA, em Vancouver, Colúmbia Britânica, em 11 de dezembro. 2018
Jason Redmond / AFP
Vancouver, Canadá - Um juiz canadense concedeu a liberdade sob fiança à diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, após ter sido presa no país a pedido dos Estados Unidos, em um caso que provocou tensão entre os aliados norte-americanos e a China. O anúncio aconteceu poucas horas depois da confirmação da detenção de um ex-diplomata canadense na China, o que aumentou a crise.

"O risco de que não se apresente perante o tribunal (para uma audiência de extradição) pode ser reduzido a um nível aceitável, impondo as condições de fiança propostas por seu assessor", disse o juiz, aplaudido na sala do tribunal pelos partidários da empresa chinesa.

O valor da fiança foi fixado em 10 milhões de dólares canadenses (7,47 milhões de dólares americanos). Meng saiu da prisão poucas horas depois da ordem do juiz, informou o canal Global News.

As condições de libertação incluem a entrega de seus dois passaportes, que permaneça em uma de suas residências de Vancouver e use tornozeleira eletrônica. Além disso, não poderá se ausentar de casa entre as onze da noite e as seis da manhã, segundo decisão do juiz.

A primeira audiência de extradição foi fixada para 6 de fevereiro. Os Estados Unidos têm 60 dias a partir da detenção de Meng, em 1; de dezembro, para proporcionar toda a documentação necessária ao procedimento.

Wanzhou foi presa em Vancouver - a pedido dos EUA - quando trocava de avião durante uma viagem de Hong Kong ao México. A Justiça americana exige sua extradição por "conspiração para defraudar várias instituições financeiras".

Ela é acusada pela justiça americana de mentir sobre o uso de uma subsidiária oculta para fazer negócios com o Irã, o que viola as sanções de Washington a Teerã. Se for considerada culpada, a executiva pode ser condenada a mais de 30 anos de prisão.

Poucas horas antes, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, havia confirmado a prisão de um ex-diplomata de seu país na China em meio a um clima de tensão entre os dois países, provocado pela detenção da executiva chinesa. "Sabemos que um canadense foi detido na China, estamos em contato direto com os chineses", afirmou Trudeau, quando questionado pela imprensa sobre informações de uma ONG sobre a prisão de Michael Kovrig, especialista canadense no nordeste asiático que já foi diplomata em Pequim, Hong Kong e nas Nações Unidas.

"Estamos comprometidos com este caso, que levamos muito a sério e, evidentemente, estamos proporcionando assistência consular à família", declarou Trudeau.

A ONG onde Kovrig trabalhou, o International Crisis Group (ICG), confirmou estar ciente das informações sobre sua prisão. "Faremos o possível para obter informações sobre o destino de Michael e conseguir sua libertação rápida e em toda segurança", declarou a organização de prevenção de conflitos.

Já o ministro da Segurança, Ralph Goodale, declarou estar "muito preocupado" com a prisão. Diretora financeira da gigante chinesa de telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou enfrenta acusações de fraude relacionadas a supostas violações das sanções americanas ao Irã.

Os Estados Unidos expressaram nesta terça sua "preocupação" com a prisão de Kovrig e pediram a Pequim que "detenha todas as formas de prisão arbitrárias". O porta-voz do departamento americano de Estado, Robert Palladino, exigiu "respeito às garantias e à liberdade de todos os indivíduos, de acordo com os compromissos internacionais da China em matéria consular e de direitos humanos".

A China "não vai ficar de braços cruzados" se seus cidadãos forem "maltratados" no exterior, alertou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, mais cedo nesta terça-feira.

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