Agência France-Presse
postado em 12/12/2018 10:45
Cidade do Vaticano, Santa Sé - O papa Francisco afastou de seu círculo de conselheiros mais próximos o cardeal George Pell, acusado na Austrália por agressões sexuais contra menores, e o chileno Francisco Javier Errázuriz, suspeito de ter escondido os atos de um padre pedófilo no Chile, anunciou o Vaticano.
Os dois altos líderes eclesiásticos fazem parte de um conselho de nove cardeais de todos os continentes, chamado C9, que aconselha o Papa Francisco sobre a reforma da administração da Santa Sé.
Em outubro, o papa escreveu aos cardeais, informando que eles deixarão o conselho e para lhes agradecer "pelo trabalho que realizaram por cinco anos", afirmou o assessor de imprensa do Vaticano, Greg Burke, nesta quarta-feira (12).
No momento não há planos para nomear novos membros, acrescentou.
O papa havia temporariamente removido Pell por um período de 18 meses para que ele pudesse se defender diante da Justiça australiana. Até agora, não retornou a Roma.
Pell, de 77 anos, permanece oficialmente à frente da Secretaria de Economia criada pelo Papa Francisco para ordenar as finanças da Santa Sé.
O mandato de cinco anos termina, em princípio, no final de fevereiro.
Para respeitar a presunção de inocência, o papa não queria, até agora, como alguns consultores pediram, nomear um novo oficial de finanças, embora esta semana um alto funcionário da cúria (o governo do Vaticano) tenha dito que as despesas da Santa registram aumentos de "maneira inaceitável".
O cardeal chileno Francisco Javier Errázuriz também perdeu seu lugar no C9. No Chile, ele é acusado por vítimas de abuso sexual de ter acobertado os atos de um padre pedófilo, um caso que escandaliza o país.
Alguns observadores apontam que Errázuriz aconselhou mal Francisco, levando o papa a defender um cardeal chileno, envolvido no escândalo do abuso sexual, uma defesa que complicou muito a viagem do sumo pontífice ao Chile em janeiro de 2018.
Depois de um encontro no Vaticano com Francisco, o cardeal Errázuriz anunciou em novembro que estava se retirando do C9. "Não é uma renúncia. Eu me despedi no final do período para o qual fui nomeado ", declarou o prelado em entrevista a um jornal chileno.
O arcebispo emérito de Santiago tem 85 anos. Outro cardeal, o congolês Laurent Monsengwo, também deixará o conselho.
Ele é uma importante figura da Igreja Católica africana que desempenhou um fundamental papel político na República Democrática do Congo, onde acaba de ceder seu posto como arcebispo de Kinshasa aos 79 anos de idade.
Este conselho de cardeais, que começou com oito membros, foi criado em março de 2013, exatamente um mês após a eleição do papa Francisco para reformar, com suas, sugestões a administração central da Igreja. A instituição é criticada por sua pouca transparência e pelos muitos escândalos.
A maioria dos mandatos nas instituições do Vaticano é de cinco anos, mas não há detalhes sobre o funcionamento do C9.