Mundo

Migração deve ser discutida com 'racionalidade', diz diretor da OIM

Segundo ele, algumas forças políticas pretendem utilizar as migrações, instrumentalizando-as como o bode expiatório para um conjunto de males sociais que existem nas sociedades desenvolvidas e que vão muito para além da específica questão das migrações

Agência Brasil
postado em 04/01/2019 10:34
[FOTO1]
O diretor-geral da Organização Internacional das Migrações (OIM), António Vitorino, defende a necessidade de debater o tema com ;racionalidade;. Ele alerta para os governos que instrumentalizam os fluxos migratórios fazendo desses ;bodes expiatórios fáceis; para problemas internos.

Segundo ele, as discussões sobre migração estão marcadas por "uma grande polarização;. ;Algumas forças políticas pretendem utilizar as migrações, instrumentalizando-as como o bode expiatório fácil para um conjunto de males sociais que existem nas sociedades desenvolvidas e que vão muito para além da específica questão das migrações;, acrescenta Vitorino.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) divulgou os novos dados da crise migratória no Mar Mediterrâneo: só em 2018 morreram mais de 2,2 mil migrantes tentando fazer a travessia entre a África e a Europa.

António Vitorino destaca que, ainda que os números de 2018 sejam inferiores aos de 2017 ; ano em que morreram mais de 3100 pessoas no Mediterrâneo ; a proporcionalidade dos números recentes é mais preocupante, tendo em conta o total de chegadas.

;Proporcionalmente, o número não é menor. No ano passado houve 180 mil chegadas, este ano houve 130 mil. Podemos dizer que há mais mortos em relação ao número de tentativas de travessia;, destacou.

Para António Vitorino, os postos de controle nos locais de partida dos migrantes ;são mais eficazes; e existe um melhor funcionamento da guarda costeira Líbia, que tem permitido dissuadir mais pessoas de seguirem ;uma jornada quase suicida;.

;Mas infelizmente ainda há muitas pessoas que arriscam a própria vida. Isto prova que é absolutamente necessário ter uma ação mais decisiva;, afirmou o diretor-geral da OIM.

O responsável pela OIM disse ainda que, nos últimos anos, foram alcançados ;progressos significativos; entre as várias organizações internacionais que lidam com a questão, o que tem permitido ;criar condições de estabilização em algumas zonas de África Ocidental, da zona do Sahel ou África Subsariana;.

Mas reconhece que ;não há uma solução mágica para estas situações. Os fluxos são muito flexíveis e é preciso responder a esta pressão em cada momento;, sendo que ;também não é possível explicar às pessoas que não devem arriscar se não forem criadas condições para que fiquem nos países de origem;.

Desenvolvimento
António Vitorino aponta para a importância de se implementar políticas de desenvolvimento nos países de origem, principalmente de emprego. ;A maioria dos migrantes é jovem, com menos de 30 anos. Se emigram é porque não encontram oportunidades de constituir família, de encontrar um emprego, de se estabelecerem.;

;O aumento da população que terá idade para entrar no mercado de trabalho não terá correspondência no número de postos de trabalho que são criados. A política de desenvolvimento pode ajudar, mas não produz retornos a curto prazo;, ressalta.

Além do emprego, a paz, a segurança, o respeito ao Estado Democrático de Direito e a boa governança são outros fatores decisivos.

*Com informações da TV pública portuguesa, RTP.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação