Agência Estado
postado em 05/01/2019 15:32
O presidente do Egito, Abdel-Fattah el-Sissi, disse à rede de televisão CBS que seu país e Israel estão cooperando contra militantes islâmicos na Península do Sinai, um reconhecimento surpreendente que poderia explicar o pedido do governo egípcio de que a CBS não transmitisse a entrevista.
Trechos da entrevista divulgados pela CBS no fim de semana também mostravam o presidente el-Sissi negando a existência de presos políticos no Egito. A CBS, que deve apresentar a entrevista completa no domingo em seu programa "60 Minutes", disse que rejeitou um pedido do governo egípcio de não transmiti-la. A rede de TV não disse sobre qual parte dos comentários o governo do Cairo fez objeções, mas a cooperação com Israel parece ser a parte mais contenciosa.
El-Sissi concedeu a entrevista em Nova York cerca de três meses atrás, quando o líder egípcio estava lá para a Assembleia Geral da ONU, mas a CBS não informou o motivo de não tê-la colocado no ar mais cedo. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Egito não foi localizado para comentar.
No ano passado, as forças armadas do Egito negaram as notícias de que Egito e Israel estariam cooperando contra militantes no norte do Sinai, onde forças de segurança egípcias lutam há anos contra extremistas, agora liderados pelo Estado Islâmico.
De acordo com os trechos, el-Sissi foi questionado se a cooperação de seu país com Israel estava mais próxima do que nunca. "Isso está correto. Temos uma ampla gama de cooperação com os israelenses", respondeu. Os trechos não apresentam a pergunta completa sobre cooperação bilateral nem mencionam especificamente os militantes do Sinai.
Autoridades israelenses elogiaram publicamente a cooperação de segurança com el-Sissi, que conseguiu com sucesso a permissão de Israel para deslocar tropas, armamentos e helicópteros para perto da fronteira com Israel para lutar contra militantes, contrariando as limitações do tratado de paz sobre o número de militares ou o tipo de armas que o Egito pode ter na região.
El-Sissi, desde que assumiu o cargo em 2014, reuniu-se pelo menos duas vezes com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. As reuniões receberam pouca atenção da mídia no Egito, um país onde a maioria das pessoas ainda vê Israel como inimigo e onde os sindicatos e a maioria dos partidos políticos se opõem veementemente à "normalização" das relações com Israel.
Na entrevista, el-Sissi também questionou um relatório recente da Human Rights Watch de que o Egito tinha 60 mil presos políticos. "Eu não sei onde eles conseguiram esse número. Eu disse que não há presos políticos no Egito. Sempre que há uma minoria tentando impor sua ideologia extremista, temos que intervir, independentemente do seu número", disse à CBS, de acordo com um dos trechos. Fonte: Associated Press.