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Jovem saudita se entrincheira em hotel para não ser expulsa da Tailândia

O chefe da polícia tailandesa de imigração garantiu, porém, que a saudita "não será expulsa contra sua vontade"

Agência France-Presse
postado em 07/01/2019 09:48
O chefe da polícia tailandesa de imigração garantiu, porém, que a saudita Uma jovem saudita, detida no domingo no aeroporto de Bangcoc e alvo de expulsão oficial, entrincheirou-se em seu quarto de hotel, nesta segunda-feira (7), e pediu socorro ao Alto Comissariado das Nações Unidas (Acnur) por temer ser mandada de volta para seu país. O chefe da polícia tailandesa de imigração garantiu, porém, que a saudita "não será expulsa contra sua vontade".

O incidente assume uma dimensão especial após o recente assassinato do jornalista Jamal Khashoggi no consulado saudita na Turquia. Uma petição foi lançada no Change.org para defender a causa da jovem saudita. "Peço a todas as pessoas que se encontram em trânsito em Bangcoc que se manifestem contra minha expulsão", escreveu Rahaf Mohammed al-Qunun em sua conta no Twitter.

Em um vídeo postado na mesma rede social, ela mostra como se entrincheirou com a ajuda de uma mesa colocada contra a porta de seu quarto de hotel no aeroporto. Ela afirmou que seria expulsa nesta segunda-feira, e que teme ser presa em seu país. "Tenho 100% de certeza de que eles vão me matar no momento em que deixar a prisão saudita", declarou à AFP.

A jovem diz que deseja pedir asilo na Austrália, onde, segundo ela, teria visto. Questionada pela AFP, a embaixada australiana não quis comentar o caso. A jovem saudita, de 18 anos, acusa a família de tê-la trancado em um quarto por seis meses, simplesmente porque ela cortou o cabelo.

O serviço de imigração tailandês explica, por sua vez, que ela estava tentando escapar de um casamento de conveniência. Segundo representantes locais do Acnur, haverá uma reunião ainda nesta segunda com a jovem Rahaf. O objetivo da reunião é "avaliar a necessidade de conceder proteção internacional" à jovem saudita.

Violência física e psicológica

Pouco antes, um tribunal criminal em Bangcoc havia rejeitado um recurso apresentado por Nadthasiri Bergman, uma advogada de direitos humanos para impedir sua expulsão.

O recurso se baseava no fato de Rahaf Mohammed al-Qunun afirmar ter sofrido violências físicas e psicológicas por parte de sua família e que teme por sua vida se voltar para a Arábia Saudita.

Rahaf explicou que foi presa por oficiais sauditas e kuwaitianos na chegada ao aeroporto de Bangcoc, acrescentando que seu passaporte foi confiscado à força.

Mas a embaixada saudita negou que seus representantes estivessem presentes dentro do terminal, acrescentando no Twitter "estar em contato constante com a família da jovem".

Em abril de 2017, o destino de outra saudita, Dina Ali Lasloum, de 24 anos, detida enquanto viajava pelas Filipinas em direção a Sydney, despertou a preocupação da ONG Human Rights Watch (HRW).

A jovem queria fugir de um casamento forçado, de acordo com a HRW. A embaixada da Arábia Saudita em Manila apresentou o incidente como um caso de família e disse que a menina "retornou com a família para seu país".

Na Arábia Saudita, as mulheres estão sujeitas a inúmeras restrições. Elas são forçadas a ficar sob a tutela de um homem (pai, marido, ou outro, dependendo do caso) que exerce autoridade arbitrária sobre elas e toma decisões importantes em seu lugar.

Uma mulher julgada como tendo cometido um crime "moral" pode ser violentamente punida por sua família, incluindo sua execução no caso do que é chamado de "crime de honra".

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