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Começa o julgamento do autor do massacre no Museu Judaico de Bruxelas

Crime aconteceu em 2014 e deixou quatro pessoas mortas

Agência France-Presse
postado em 08/01/2019 18:24
Mehdi Nemmouche é o principal réu Bruxelas, Bélgica - O julgamento do ataque ao Museu Judaico, em Bruxelas, que deixou quatro mortos em maio de 2014, começará na quinta-feira com o principal réu, o jihadista francês Mehdi Nemmouche, impaciente para dizer "sua verdade".

Se o tribunal mantiver a versão da acusação, o ataque, que comoveu o mundo, será o primeiro realizado na Europa por um jihadista que voltou da Síria, meses antes do atentado de Paris de novembro de 2015 (130 mortos).

Um júri popular formado por oito homens e quatro mulheres deverá se pronunciar, junto com os magistrados, sobre o papel de Nemmouche, de 33 anos, e do outro acusado de "assassinato terrorista", o francês Nacer Bendrer, de 30 anos.

O principal acusado nega os acontecimentos. Para seu advogado Sébastien Courtoy, ele foi vítima de uma "armadilha" para cometer o "pseudoatentado". "Está impaciente há anos para poder dizer sua verdade", afirmou aos jornalistas na segunda-feira Courtoy, que afirmou que Nemmouche, que pode ser condenado à prisão perpétua, "está muito contente de fazer isso perante um júri".

O processo, para o qual se credenciaram mais de 300 jornalistas, começará com a leitura das acusações e pode se prolongar até o fim de fevereiro. O interrogatório aos acusados está previsto para acontecer a partir de terça-feira, 15 de janeiro.

Provas "contundentes"

As partes civis, as famílias das vítimas e as associações judaicas consideram que as provas reunidas contra o principal acusado, um delinquente reincidente, são "contundentes". Segundo a acusação, Nemmouche é o homem que em 24 de maio de 2014 atirou na entrada do Museu Judaico e matou, em 82 segundos, dois turistas israelenses, uma mulher francesa e um jovem funcionário belga.

Então, este homem nascido no norte da França em 1985 tinha voltado havia pouco tempo da Síria, onde combateu com jihadistas. Acredita-se, ainda, que ele foi o carcereiro de quatro jornalistas franceses sequestrados.

Neste caso, pelo qual foi acusado em 2017, Nemmouche aparece descrito como um guardião "violento, autoritário" e admirador de Mohamed Merah, o homem que matou três menores e um pai judaicos em 2012 na França.

Para Yohan Benizri, presidente do Comitê Coordenador de Organizações Judaicas na Bélgica (CCOJB), não há dúvidas sobre a natureza antissemita dos assassinatos na capital belga. "Os autores não escolheram suas vítimas aleatoriamente, atacaram claramente judeus", apontou na segunda-feira Patrick Charlier, diretor da agência pública belga de luta contra as discriminações, Unia.

Seis dias depois do ataque, Nemmouche foi detido em posse de um revólver e de um fuzil de assalto na rodoviária de Marselha (sul da França), onde meses depois, em dezembro, o outro acusado foi detido. A investigação considera que Bendrer o ajudou a conseguir armas. Ambos se conheceram quando passaram, entre 2009 e 2010, por uma prisão francesa, onde faziam "proselitismo" entre os presos muçulmanos, segundo as autoridades.

Sua proximidade fica refletida nos cerca de 50 contatos telefônicos no período de 15 dias em abril de 2014, quando Nemmouche supostamente estava preparando o ataque. Ambos teriam se encontrado em Bruxelas e Marselha em várias ocasiões nas semanas anteriores ao ataque ao Museu Judaico. Nacer Bendrer também defende sua inocência.

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