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EUA: Terceira Marcha das Mulheres chega com divisões no movimento

A terceira marcha chega em um momento em que foi batido o recorde de mulheres no Congresso

Agência France-Presse
postado em 18/01/2019 19:37
A Marcha das Mulheres irá tomar as ruas pelo terceiro ano, embora com uma forte divisão dentro de sua organização por acusações de
Washington, Estados Unidos - Centenas de milhares de mulheres saíram para protestar em janeiro de 2017, unidas por seu desprezo em relação ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que dias antes havia tomado posse do cargo.

Para este sábado se espera que a Marcha das Mulheres tome as ruas pelo terceiro ano, embora com uma forte divisão dentro de sua organização por acusações de "antissemitismo".

A principal marcha está prevista para 10H00 (13H00 em Brasília) em Washington, enquanto há manifestações convocadas em outras cidades americanas e do mundo todo.

No ano passado, mais de meio milhão de pessoas, encorajadas pelos movimentos contra a violência e o abuso sexual #MeToo e Time;s Up, fizeram com que seus protestos fossem escutados.

Muitas usavam os "pussy hats", gorros de lã rosa com orelhas que se tornaram o símbolo de protesto contra os comentários sexistas do mandatário - registrados em uma gravação -, nos quais se gabou de poder "agarrá-las pela boceta", em referência às mulheres que desejava.

Para este ano, quando se celebra "dois anos de resistência à presidência de Trump", as organizadoras chamaram os manifestantes a "inundar" as ruas com a hashtag #WomensWave.

A terceira marcha chega em um momento em que foi batido o recorde de mulheres no Congresso, com 131.

As manifestantes multiplicaram os argumentos para sair para protestar, após a confirmação como membro da Suprema Corte americana do juiz conservador Brett Kavanaugh, acusado de ter cometido abusos sexuais quando era jovem, e a política do governo Trump de separar os imigrantes irregulares de seus filhos na fronteira com o México.

Mas nos últimos meses, o movimento da Marcha das Mulheres passou por uma divisão interna depois de acusações de antissemitismo entre as organizadoras.

O problema vem dos laços entre Tamika Mallory, uma das organizadoras dos protestos, com Louis Farrakhan, o líder do polêmico movimento Nação do Islã, e sua incapacidade de condenar declarações sobre os judeus que este fez durante um evento.

Mallory também criticou nas redes sociais a Liga Anti-difamação, um dos grupos mais proeminentes dos Estados Unidos na luta contra o antissemitismo.

A problemática chegou em dezembro às manchetes, quando a revista Tablet, especializada em judaísmo, informou que Mallory e a ativista Carmen Perez disseram a Vanessa Wruble, outra organizadora da marcha, que os judeus tiveram uma responsabilidade especial no racismo e no comércio de escravos nos Estados Unidos.

Tanto Mallory como Perez negam essas acusações que supostamente fizeram em novembro de 2016, informou a Tablet.

Os escândalos levaram Teresa Shook, que idealizou a Marcha das Mulheres, a pedir, em novembro, que as quatro copresidentes - Mallory, Perez, Linda Sarsour e Bob Bland - renunciassem.

A controvérsia levou várias mulheres a se alinharem com Wruble, que deixou o movimento e fundou uma organização paralela, a March On.

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