Agência Estado
postado em 27/01/2019 08:30
Um dos principais opositores ao governo de Nicolás Maduro, o presidente do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela no exílio, Miguel Ángel Martin, rejeita qualquer possibilidade de diálogo com o regime. Para ele, a ideia de um governo no exílio deixou de existir com a autoproclamação do presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como presidente interino. Em entrevista por telefone de Washington, Martín afirmou também que os integrantes das Forças Armadas têm de cumprir a Constituição e reconhecer Guaidó como presidente.
Ainda há a ideia de montar um governo de exílio ou não mais?
Não. Temos um presidente interino que está na Venezuela, temos um povo que respalda o presidente interino, temos uma Assembleia Nacional funcionando, temos um Tribunal Supremo, que eu presido, e excepcionalmente temos que atuar pela Venezuela para recuperar a nossa democracia.
Países como China, Rússia e Turquia ainda apoiam Maduro. A pressão internacional pode fazer com que estas nações mudem de posição?
Esses países têm relações econômicas e comerciais com o regime e agora terão que revisar a legalidade dessas relações.
Quais são as estratégias mais diretas para tirar Maduro definitivamente do poder?
Enviar uma mensagem correta às Forças Armadas venezuelanas para que fiquem ao lado da Constituição, da institucionalidade e do povo. Eles têm de se separar do senhor Maduro. Ele não é o comandante-chefe das Forças Armadas. Ele não é o presidente da República. Se ficam com ele, serão cúmplices e vão ficar manchados na História.
Os comandantes das Forças Armadas disseram que ainda apoiam Maduro, o que fazer?
Você está falando do alto comando militar. Está falando de um generalato que está de costas para o povo. Quando falamos da família militar, não estamos nos referindo ao comando militar. Estamos nos referindo a outros generais, os de brigada, de divisão, que eu sei que estão com o povo.
O senhor teme uma ofensiva militar mais forte de Maduro ou por parte de outros países? Ou até mesmo uma guerra civil?
Não. O que há é a Guarda Republicana de Maduro e os coletivos, que são civis que foram treinados pelas forças cubanas e as forças turcas e estão atacando o povo. Não são os militares. Não creio na possibilidade de guerra civil.
E uma ofensiva por parte de outros países que podem continuar apoiando Maduro?
Não me preocupa nenhuma ofensiva de outros países quando temos ao nosso lado países como o Brasil, Colômbia, Estados Unidos, Chile e Argentina, que têm um poderio militar que supera muito qualquer outro poder militar.
Nicolás Maduro declarou que aceita participar de uma rodada de diálogos. O senhor concorda em conversar com ele?
Na Venezuela, com os criminosos, não pode haver diálogo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.