Agência France-Presse
postado em 29/01/2019 12:03
Um tornado que atingiu Cuba neste domingo (27/1) à noite provocou a morte de quatro pessoas e deixou 195 feridos, segundo o balanço oficial apresentado na noite desta segunda-feira.
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Pela manhã, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, percorreu as ruas de Havana durante a madrugada desta segunda-feira para supervisionar os trabalhos de resgate. "Estamos percorrendo os locais afetados pelo fenômeno atmosférico de grande intensidade em Regla (município de Havana). Os danos são severos. Até o momento lamentamos a perda de três vidas humanas, e 172 feridos recebem atendimento. Várias brigadas trabalhando no restabelecimento", escreveu o presidente no Twitter.
Um pouco antes, o portal oficialista Cubadebate informava que "Havana sofreu o impacto de um grande tornado que deixou vários danos humanos e materiais em vários povoados da cidade". Essas localidades permaneceram às escuras por várias horas. "A força dos ventos do tornado pode ser comparada com a de um furacão de categoria 4, ou 5, embora seu impacto esteja mais concentrado", acrescentou o portal.
Na capital, repórteres da AFP observaram várias ruas do bairro Luyanó, no Município 10 de Octubre, cheias de escombros. Algumas partes de varandas de edifícios cederam, enquanto postes e árvores caídos interrompiam as vias.
O Hospital Materno Infantil Filhas da Galícia estava sendo esvaziado por danos em suas instalações, constatou um jornalista da AFP. O soar das sirenes na cidade era constante, com bombeiros e ambulâncias, deslocando-se em trabalhos de resgate.
Outros bairros afetados na capital foram Santos Suárez, Vía Blanca e Chibás. "Forte tornado em Havana. Me pegou na rua, no carro, com minha mulher e meus filhos. E tive que ir desviando de árvores derrubadas, inundações e fortes ventos. Até que consegui chegar em casa. Passamos um grande susto", contou o ator Luis Silva, "Pánfilo", que encontrou Barack Obama em sua visita à ilha em 2016.
O som de um avião
O tornado se deu em meio a uma esperada tempestade que já afetava a zona oeste de Cuba, com rajadas de até 100 quilômetros por hora e penetração do mar. A tormenta se prolongava na madrugada desta segunda-feira.
O especialista do Instituto de Meteorologia (Insmet), Armando Caymares, disse à imprensa oficial que "as pessoas sentiram como o som de um avião de propulsão a jato e mudanças na pressão ambiental".
Pelas redes sociais, cidadãos compartilhavam imagens de ruas inundadas, de veículos revirados e lançados contra muros, ou atingidos por postes. Tudo isso em meio à penumbra.
Em vários bairros, a energia já havia sido cortada antecipadamente por precaução, mas ia sendo reposta à medida que as condições melhoravam.
Os especialistas em meteorologia explicaram que este fenômeno resultou de uma baixa extratropical que desceu do sudeste do golfo do México e entrou pelo oeste da ilha.
As zonas do oeste de Cuba afetadas são as províncias de Pinar del Rio, Artemisa e Mayabeque. A tempestade avançava para o centro do país, mas com menor intensidade, segundo especialistas.
De acordo com o Insmet, a passagem de tornados pela capital cubana não é um fenômeno cotidiano. Um dos mais lembrados é o de 26 de dezembro de 1940, que atingiu a localidade de Bejucal.
Em 2017, o poderoso furacão Irma castigou 12 das 15 províncias cubanas, deixando perdas de 13,185 bilhões de dólares, com danos em moradias, instalações de saúde, escolas, hotéis, redes elétricas e cultivos.