A cúpula de diplomatas indicada nos últimos dias por Juan Guaidó como novos representantes da Venezuela no exterior realizou uma coletiva de imprensa em Washington, nesta quarta-feira, 30, para pedir o apoio da comunidade internacional contra o regime de Nicolás Maduro. Reconhecido pelos EUA como embaixador da Venezuela no país, Carlos Vecchio, afirmou que a comunidade internacional deve apoiar o que classificou como "luta entre democracia e ditadura" e disse é preciso "aumentar a pressão".
"O momento é agora, há necessidade de mudança e a Venezuela está preparada. Essa não é uma luta dos EUA contra o regime de Maduro. É uma luta entre a democracia e a ditadura de Maduro. O momento é agora. É o momento de colocar toda a pressão necessária. Essa vai ser nossa prioridade", afirmou Vecchio.
Desde a semana passada, os EUA reconheceram Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela e, nesta semana, anunciaram sanções que atingiram a petrolífera PDVSA. Os EUA bloquearam o acesso a integrantes do regime de Maduro ao dinheiro pela compra de petróleo venezuelano. Hoje, o presidente Donald Trump telefonou a Guaidó e a equipe do venezuelano tem sido recebida pelas autoridades americanas em Washington.
O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, aliado ao chavismo, proibiu nesta terça-feira, 29, a Guaidó de deixar a Venezuela e congelou suas contas no país a pedido do Ministério Público. O cerco judicial chavista começou após a decisão da Casa Branca de permitir à oposição acessar ativos do Estado venezuelano nos EUA. Vecchio afirmou que o Tribunal é "uma Suprema Corte ilegal".
A prioridade como embaixador da Venezuela, disse Vecchio, é coordenar o esforço internacional para cessar o governo de Maduro, estabelecer um governo de transição e convocar novas eleições no país. "Enquanto fazemos essa entrevista coletiva, a repressão na Venezuela segue", afirmou Vecchio, acompanhado por outros dois novos integrantes da diplomacia de Guaidó nos EUA.
O novo representante da Venezuela no Grupo de Lima, Julio Borges, afirmou que o momento atual terá impactos em todo o continente - citando Cuba e Nicarágua.
"É a queda do muro de Berlim na América Latina, 30 anos depois. Se trata de abrir a região para um novo capítulo de liberdade, progresso e dignidade", afirmou Borges. Gustavo Tarre, embaixador junto à OEA indicado por Guaidó, criticou o fato de o presidente interino ser chamado de "autoproclamado": "O único autoproclamado na Venezuela é Maduro".
O secretário-geral da OEA, Luís Almagro, uma das vozes mais críticas a Maduro no organismo, foi convidado por Vecchio para a entrevista coletiva num "gesto de reconhecimento" pelo trabalho do uruguaio na pressão ao governo da Venezuela. Almagro criticou tentativas de "negociação" com o venezuelano. "Aqueles que querem fazer negociações diretas com o governo usurpador, ;be my guest;, comece hoje", disse, em tom irônico. "Já sabemos como são as eleições que Maduro faz", afirmou Almagro, ao dizer que a Venezuela precisa de eleições livres, diferentes das que elegeram Nicolás Maduro.
Assistência humanitária
Julio Borges destacou ainda que é preciso abrir caminho para a entrada de assistência humanitária internacional e que as Forças Armadas na Venezuela, até agora parte do suporte a Maduro, terão papel essencial neste processo.