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Venezuela se prepara para manifestação convocada por Juan Guaidó

Seis países da UE (Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Portugal e Holanda) deram a Nicolás Maduro até domingo para convocar eleições, caso contrário, reconhecerão Juan Guaidó como presidente

Agência France-Presse
postado em 01/02/2019 16:12
Seis países da UE (Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Portugal e Holanda) deram a Nicolás Maduro até domingo para convocar eleições, caso contrário, reconhecerão Juan Guaidó como presidente
Caracas, Venezuela - A Venezuela se preparava, nesta sexta-feira (1), para uma manifestação convocada para sábado pelo autoproclamado presidente Juan Guaidó para exigir "eleições livres" no país.

"Todos nós devemos tomar as ruas na Venezuela e em todo o mundo com um objetivo claro: apoiar o ultimato dado pelos membros da União Europeia. Vamos alcançar a maior marcha da Venezuela e da história do nosso continente", disse Guaidó, presidente do Parlamento dominado pela oposição.

A Assembleia Nacional considera o segundo mandato de Nicolás Maduro, iniciado em 10 de janeiro, ilegítimo por ser resultado de eleições fraudulentas.

Guaidó, de 35 anos, declarou-se "presidente interino" em 23 de janeiro e convocou no último domingo manifestações para este sábado, o aniversário de 20 anos da "Revolução Bolivariana".

Este aniversário marca a posse, em 2 de fevereiro de 1999, do presidente socialista Hugo Chávez (1999-2013), já falecido.

Washington, que reconheceu imediatamente a autoridade de Guaidó, exortou na quinta-feira a UE a fazer o mesmo, enquanto o Parlamento Europeu reconheceu o opositor como presidente interino.

Seis países da UE (Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Portugal e Holanda) deram a Nicolás Maduro até domingo para convocar eleições, caso contrário, reconhecerão Juan Guaidó como presidente.

Globalmente, os 28 membros da UE ameaçaram adotar "novas medidas" se uma eleição presidencial não for convocada "nos próximos dias" na Venezuela.

Apoiado por Rússia, China, Coreia do Norte, Turquia e Cuba, Maduro rejeita o ultimato europeu e acusa os Estados Unidos de orquestrarem um golpe de Estado.

A tensão aumenta a cada nova convocação de manifestação. Quarenta pessoas foram mortas e mais de 850 detidas, de acordo com a ONU, desde o início das mobilizações, em 21 de janeiro. Em 2014 e 2017, duas ondas de protestos mataram cerca de 200 pessoas.

Na quinta, Guaidó denunciou tentativas de intimidar sua família, acusando Maduro de ser o responsável. Ele também apresentou seu plano para tirar o país da crise econômica e social.

"Não vão me amedrontar", declarou a repórteres em frente a sua casa em Caracas, com sua filha de 20 meses e sua esposa ao lado. Segundo ele, homens identificados como membros das Forças de Ações Especiais (FAES) foram à sua casa, em duas motos e uma caminhonete sem placas, e perguntaram ao segurança da entrada por sua esposa, Fabiana Rosales, e pela família.

O comandante da polícia Carlos Alfredo Pérez Ampueda rejeitou a denúncia: "é totalmente falsa".

"Não vamos tolerar que façam mal àqueles que lutam pela liberdade", advertiu o vice-presidente americano, Mike Pence, denunciando no Twitter um ato de "intimidação".

30 bilhões de dólares
Guaidó apresentou na quinta seu plano que tem como eixos: lidar com "a emergência humanitária (saúde, alimentação)", "frear a seco a inflação", reativar a indústria petroleira e restabelecer os serviços públicos.

Washington disse ter prontos 20 milhões de dólares para entregar em alimentos e remédios, mas Maduro, que atribui a escassez às sanções americanas, sustenta que a ajuda humanitária é a porta para uma intervenção militar.

A Venezuela sofre a pior crise de sua história moderna, com falta de alimentos e remédios, além de uma hiperinflação, que o FMI projeta em 10.000.000% para este ano. A situação fez disparar a migração, estimada em cerca de 2,3 milhões de venezuelanos desde 2015, segundo a ONU.

O economista e deputado José Guerra, um dos gestores do plano de Guaidó, detalhou que, além da hiperinflação, urge parar a impressão dinheiro sem apoio, uma nova política cambial e uma renegociação da dívida externa, estimada em 150 bilhões de dólares.

Outro assessor econômico, José Toro Hardy, estimou que a Venezuela precisará em um primeiro momento de 30 bilhões de dólares para se recuperar.

Determinado a sufocar economicamente o governo de Maduro, os Estados Unidos aprovaram sanções contra a estatal petroleira Pdvsa - fonte de 96% dos rendimentos do país - e congelou contas e ativos venezuelanos.

Grupo de contato da UE
O Parlamento Europeu reconheceu na quinta Guaidó como presidente interino, pressionando a União Europeia para que faça o mesmo.

A representante da UE, Federica Mogherini, por sua vez, anunciou a criação de um Grupo de Contato de países europeus e latino-americanos que trabalhará "90 dias" em uma saída à crise.

Paralelamente, cinco jornalistas estrangeiros que tinham sido presos - dois franceses e um espanhol e dois colombianos da agência EFE - foram soltos na quinta, segundo fontes oficiais.

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