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Guaidó espera que nunca ocorra uma ação militar externa na Venezuela

Juan Guaidó expressou nesta sexta-feira (1) sua esperança de que a crise em seu país nunca seja resolvida com uma intervenção armada

Agência France-Presse
postado em 01/02/2019 17:21
Nesta sexta-feira, em Caracas, Guaidó vai definir seus planos para a entrada de ajuda humanitária ao país
Buenos Aires, Argentina - O autoproclamado presidente interino da Venezuela, o opositor Juan Guaidó, expressou nesta sexta-feira (1) sua esperança de que a crise em seu país nunca seja resolvida com uma intervenção armada, em declarações ao jornal Clarín, da Argentina.

Quando perguntado por escrito se ele concordaria com uma ação militar de um ou mais países, ele respondeu: "Com absoluta sinceridade, eu lhes digo que espero que isso nunca aconteça".

"Nossa luta democrática e adesão à Constituição é muito difícil, mas acreditamos nela e queremos evitar um resultado violento".

Dirigentes chavistas fiéis ao presidente Nicolás Maduro afirmam que os Estados Unidos tentam justificar uma ação militar na Venezuela, apesar de o governo de Donald Trump falar de "muitas opções para conseguir uma saída pacífica para a crise".

"Não posso deixar de repetir qual é o nosso roteiro: fim da usurpação, governo de transição e eleições livres", afirmou o autoproclamado presidente no site do jornal argentino.

A uma pergunta sobre os aliados de Maduro, Guaidó disse que "se há governos ao redor do mundo que são testemunhas diretas da corrupção generalizada e do desperdício ocorrido na Venezuela nos últimos 20 anos são a China e a Rússia".

"A determinação do governo de transição que estamos perfilando é a de honrar todos os compromissos que a República legalmente adquiriu, isto é, aqueles validamente aprovados pela Assembleia Nacional. E nós também respeitaremos os investimentos legítimos feitos pelas empresas desses países", afirmou.

Quando perguntado sobre sua posição quanto à Força Armada, declarou: "Nossa mensagem aos nossos militares, alto comando e outros oficiais, é muito clara: nós não queremos que apoiem um partido político ou um lado".

"Também não queremos que haja divisões, ou que apliquem um golpe de Estado", acrescentou. "Pedimos a eles que cumpram e apliquem a Constituição. Sua lealdade não é a um indivíduo, mas à nação que lhes confiou as armas para defendê-la", disse.

Sobre se acredita que Maduro conta na Venezuela com um grupo de mercenários da Rússia, ele respondeu que "para o governo da Federação Russa, tentar apoiar Nicolás Maduro é sem sentido. Um gasto inútil. Espero que essa informação não seja verdadeira".

Nesta sexta-feira, em Caracas, Guaidó vai definir seus planos para a entrada de ajuda humanitária ao país, enquanto se prepara para liderar no sábado uma marcha em apoio ao ultimato europeu dado ao presidente Nicolás Maduro para convocar "eleições livres".

A tensão aumenta a cada convocação de novo protesto, já que distúrbios desde 21 de janeiro deixaram cerca de 40 mortos e mais de 850 detidos, segundo a ONU, enquanto em 2014 e 2017 duas ondas de manifestações resultaram em cerca de 200 mortes.

Guaidó se autoproclamou presidente após o Congresso declarar Maduro "usurpador" depois de assumir um segundo mandato considerado ilegítimo, por ter sido resultado de eleições "fraudulentas".

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