O opositor que se autoproclamou presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, colocou ainda mais pressão neste domingo (3/1) sobre o governo de Nicolás Maduro ao confirmar que pediu ajuda humanitária à União Europeia e a proteção de ativos venezuelanos depositados no continente, enquanto os Estados Unidos "já estão mobilizando e transportando ajuda" ao país. A pressão internacional também aumentou com a negativa de Maduro em convocar novas eleições presidenciais.
No domingo, o presidente chavista pediu lealdade às Forças Armadas diante da possibilidade de chegada de ajuda humanitária justificando que a medida permite uma invasão estrangeira.
"Vamos exercer nossas competências para atender à crise, restabelecer a democracia e alcançar a liberdade", disse Guaidó no domingo. O opositor anunciou que a ajuda humanitária deve começar a chegar nesta semana. Segundo ele, será criada uma "coalizão nacional e internacional" com três centros de armazenamento de remédios e alimentos: na Colômbia, na cidade de Cúcuta, no Brasil, e em uma ilha caribenha. O opositor pediu no domingo que os militares cumpram seu dever e deixem a ajuda entrar no país.
Entre as opções estudadas pelos EUA para enfrentar o colapso da Venezuela está a abertura de um corredor para envio de ajuda humanitária. Washington disse ter prontos US$ 20 milhões para enviar em alimentos e remédios. O secretário de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton, postou fotos de caixas de alimentos e remédios já empacotados e prontos para o embarque em direção à Venezuela.
A ideia de abrir um canal ou corredor humanitário foi respaldada pela Assembleia Nacional da Venezuela, de maioria opositora, e por 14 países que integram o Grupo de Lima em diferentes comunicados. O chavismo considera tal ação uma porta de entrada para forças estrangeiras interessadas em uma intervenção militar. O governo Maduro atribui a escassez de alimentos e remédios às sanções dos Estados Unidos.
No domingo, oficiais das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (Fanb) e membros da Guarda Nacional foram para a fronteira com a Colômbia, em Táchira, para supervisionar os postos fronteiriços.
"Estamos na Ponte Internacional Simón Bolívar, para assegurar a defesa da pátria. Paz total por aqui", escreveu em sua conta no Twitter o general Freddy Bernal. A ponte Simón Bolívar liga San Antonio del Táchira, na Venezuela, com Cúcuta, na Colômbia.
Ultimato
O presidente Maduro rejeitou o ultimato de países europeus para convocar novas eleições presidenciais, abrindo caminho para mais pressão contra seu governo. "Não aceito o ultimato de ninguém", afirmou o líder chavista, em entrevista a um canal espanhol.
Com a negativa de Maduro em aceitar eleições livres no país, França, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Portugal e Holanda devem reconhecer o opositor Guaidó como presidente interino do país - como já fizeram EUA e diversos países latino-americanos.
A Áustria se somou ao grupo que dava um ultimato a Maduro e também deve reconhecer a presidência interina de Guaidó.
Na mesma entrevista, Maduro afirmou apoiar a criação de um grupo internacional de discussão sobre seu país, iniciativa da União Europeia e do Uruguai. Um encontro do grupo deve ocorrer dia 7. "Abandone a estratégia golpista, se deseja tratar de algum tema, se sente numa mesa de discussão cara a cara", afirmou Maduro na entrevista à rede espanhola La Sexta, se dirigindo a Guaidó. O opositor descarta um diálogo com o chavista se não for para determinar a realização de novas eleições presidenciais.
Aliados
A Rússia criticou neste domingo o apoio a Guaidó, e pediu que a comunidade internacional "se concentre em ajudar a resolver os problemas da Venezuela sem qualquer interferência destrutiva externa".
No sábado, o Ministério das Relações Exteriores da China, que oficialmente apoia Maduro, disse que espera continuar trabalhando com Caracas "não importa como a situação evolua". (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.