Agência France-Presse
postado em 05/02/2019 17:00
Londres, Reino Unido - As autoridades britânicas tentavam nesta terça-feira (5) recuperar o corpo, cuja identidade ainda é desconhecida, localizado entre os destroços submersos no Canal da Mancha do avião que desapareceu com o atacante argentino Emiliano Sala e o piloto, há duas semanas.
"Estamos tentando recuperar o corpo. Se tivermos sucesso, vamos considerar a viabilidade de levar os destroços à superfície", disse a Agência Britânica de Investigação de Acidentes Aéreos (AAIB) em um breve comunicado.
"Devido às fortes corrente marítimas só podemos usar o veículo operado remotamente por períodos limitados a cada dia e isso significa que o progresso será lento", disse a agência, acrescentando que só vai fazer mais anúncios depois de informar as famílias sobre o resultado da operação.
Sala, de 28 anos, e o piloto, o britânico David Ibbotson, 59, voaram em 21 de janeiro a bordo de um monomotor Piper Malibu PA-46-310P entre a França e a Grã-Bretanha que desapareceu do radar cerca de 20 km da ilha britânica de Guernsey, localizada no Canal da Mancha.
O atacante argentino e Ibbotson tinham saído de Nantes (oeste da França) rumo a Cardiff (em Gales), sede do clube que acabara de contratar Sala por uma quantia estimada pela imprensa em 17 milhões de euros.
Seu desaparecimento comoveu os torcedores dos dois clubes e várias personalidades do futebol, que manifestaram solidariedade com a família de Sala.
Quase duas semanas depois, as autoridades britânicas anunciaram no domingo ter encontrado os restos do avião no fundo do mar, e no dia seguinte disseram ter detectado a presença de "um ocupante" entre os destroços da aeronave, sem dar detalhes sobre de quem se trata.
"O tempo é curto"
David Mearns, diretor da Blue Water Recoveries, uma empresa privada contratada pela família do atacante argentino para dar continuidade à busca submarina, explicou à AFP a importância de retirar rapidamente o corpo.
"Quando se trata de um cadáver, o tempo é curto", afirmou este especialista em naufrágios, que localizou o monomotor.
"É então imperativo que prossigam na recuperação do avião e do corpo", acrescentou, explicando que a dificuldade reside em "ver como se pode retirar o avião sem mover o corpo e ter certeza de que tudo será recuperado".
Depois de ter contribuído para localizar e identificar os destroços do monomotor no fundo do mar, Mearns deixou a ilha de Guernsey e o caso está agora exclusivamente nas mãos da AAIB.
Este organismo pretende publicar dentro de duas semanas um relatório com os avanços de sua investigação sobre o ocorrido.
O controle de tráfico aéreo da ilha britânica de Jersey, também no canal da Mancha, explicou que no dia de seu desaparecimento a aeronave voava a 5.000 pés (cerca de 1.700 metros de altura), mas antes de desaparecer dos radares o piloto pediu autorização para descer até 2.300 pés.
No dia 26 de janeiro, dois dias depois de as autoridades britânicas abandonarem as operações oficiais de busca, a família de Sala anunciou que se dispunha a continuar graças a fundos obtidos mediante uma mobilização na internet.
"Sem isso, acho que ninguém teria procurado o avião. A AAIB nos disse que não lhe parecia que haveria muito a ganhar" encontrando a aeronave, explicou Mearns.
Finalmente, o organismo participou nas operações de localização do monomotor em cooperação com a Blue Water Recoveries.