As sanções da ONU contra a Coreia do Norte são ineficazes, aponta um relatório de especialistas, segundo o qual Pyongyang utiliza aeroportos e outras infraestruturas civis para o seu programa de mísseis e, assim, evitar a destruição de seus centros de desenvolvimento em eventuais ataques preventivos.
O programa de mísseis nucleares e balísticos da Coreia do Norte permanece intacto, indica o documento apresentado recentemente ao Conselho de Segurança por especialistas encarregados de supervisionar a implementação das sanções impostas pela ONU contra Pyongyang nos últimos anos.
O regime norte-coreano continua recorrendo ao transbordo de carga no mar para se abastecer de petróleo, carvão, exportar carvão e contornar o embargo de armas, diz o texto, ao qual a AFP teve acesso.
Os especialistas descobriram que a Coreia do Norte utiliza instalações civis, principalmente aeroportos, para montar e testar mísseis balísticos para evitar que sejam destruídos, acrescenta o documento.
Desta forma, os especialistas descrevem as sanções impostas por unanimidade em 2017 como "ineficazes", uma vez que Pyongyang as contorna para importar mais petróleo do que as cotas estabelecidas. Os Estados Unidos já denunciaram essa prática em 2018.
A Coreia do Norte também continua a violar o embargo de armas e tentou fornecer armas leves para a Síria, para os rebeldes huthis no Iêmen, para a Líbia e o Sudão, segundo o relatório.
"As sanções financeiras continuam a ser uma das medidas mais mal aplicadas", acrescenta o texto, referindo-se à transferência de contas bancárias da Europa para a Ásia.
Os líderes americano, Donald Trump, e norte-coreano, Kim Jong Un, devem realizar uma segunda cúpula nos dias 27 e 28 de fevereiro no Vietnã, segundo informou na terça-feira o presidente dos Estados Unidos.
Eles já haviam se encontrado em 12 de junho de 2018 em Singapura. O objetivo desta reunião para Washington é a "desnuclearização definitiva e totalmente comprovada" da península, a "transformação das relações bilaterais" e uma "paz duradoura".
Segundo o relatório, os portos e aeroportos da Coreia do Norte são "usados para violações generalizadas" das sanções da ONU, "que variam da importação ilegal de petróleo e exportação ilegal de carvão até o contrabando de fundos por cidadãos norte-coreanos".
As instituições financeiras da Coreia do Norte operam em pelo menos cinco países, apesar das restrições internacionais, e seus diplomatas ajudam o país a contornar as sanções através de contas bancárias em muitos países, denuncia o relatório.
As descobertas dos especialistas coincidem com as dos serviços de inteligência americanos de que é improvável que a Coreia do Norte encerre seus programas de armas, mas poderia propor a redução deles em troca de uma redução de suas sanções.
No final de janeiro, o chefe de inteligência dos EUA, Dan Coats, considerou "improvável" que a Coreia do Norte "abandone todas as suas armas nucleares e capacidade de produção".
Para moldar o novo encontro entre Trump e Kim, o negociador americano para a Coreia do Norte, Stephen Biegun, vai viajar nesta quarta-feira a Pyongyang, onde, segundo o Departamento de Estado, vai se reunir com o seu colega norte-coreano, Kim Hyok Chol.