Um coronel do Exército da Venezuela manifestou neste domingo (10/2) seu apoio ao opositor Juan Guaidó, reconhecido por cerca de 50 países como presidente interino. O oficial Rubén Alberto Paz Jiménez exortou seus companheiros de armas a permitir a entrada da ajuda humanitária que começou a chegar à cidade fronteiriça de Cúcuta, na Colômbia, que Nicolás Maduro está bloqueando.
Paz Jiménez disse em um vídeo "desconhecer Maduro como presidente e reconhecer" Guaidó "como presidente interino e comandante-chefe das Forças Armadas". Paz Jiménez afirmou que, referindo-se a Maduro e à cúpula do governo, "90% das Forças Armadas estão insatisfeitas, estamos sendo usados para mantê-los no poder". O episódio evidencia a divisão no apoio a Maduro, apesar de a cúpula das Forças Armadas ter declarado lealdade ao presidente socialista.
Desde a semana passada militares venezuelanos bloquearam o acesso à ponte internacional Las Tienditas, perto do centro de coleta da ajuda internacional, em Cúcuta.
Paz Jiménez pediu aos colegas de farda que reajam, diante da escassez de remédios e alimentos. "Como médico, reconheço a problemática sanitária que o país vive. Peço a todos os integrantes das Forças Armadas (que) permitam a entrada de ajuda humanitária", insistiu. A ONG Controle Cidadão calcula que cerca de 180 militares foram detidos em 2018, acusados de conspirar, e pelo menos 10 mil membros das Forças Armadas pediram baixa desde 2015.
Guaidó advertiu neste domingo aos militares que o bloqueio de ajuda é considerado um "crime de lesa-humanidade" e os responsáveis serão considerados "quase genocidas" por impedir a distribuição de comida e remédios. O líder opositor reiterou a convocação de uma ampla marcha para terça-feira, 12, para exigir a entrada no país de ajuda humanitária. Maduro afirma que a ajuda está sendo usada pelos EUA como um pretexto para uma intervenção militar no país. As Forças Armadas iniciaram exercícios no domingo e Maduro advertiu contra ameaças à Venezuela.
Guaidó também anunciou que centenas de pessoas se apresentaram voluntariamente para ajudar na "distribuição de ajuda", que deve começar "nos próximos dias" e logo "chegarão mais carregamentos de alimentos e remédios ao Brasil", para cuja fronteira Maduro também enviou soldados. Guaidó ainda denunciou que a avó de sua mulher foi ameaçada pelos "coletivos", grupos paramilitares chavistas.
Os Pemon, povo indígena que vive na fronteira com o Brasil, estão determinados a permitir a entrada de qualquer ajuda que chegue à Venezuela, mesmo que isso signifique bater de frente com as forças de segurança venezuelanas e o governo. Seis líderes da comunidade Pemon que vive no município de Grand Sabana, na fronteira com o Brasil, disseram que a população em necessidade deve ignorar qualquer politização da ajuda humanitária. "Estamos fisicamente preparados - sem armas - e dispostos a abrir a fronteira para receber a ajuda", disse o prefeito de Gran Sabana, Emilio Gonzáles. As comunidades indígenas gozam de autonomia na Venezuela. "Não vamos permitir que alguns generais de fora decidam por nós", disse Jorge Pérez, conselheiro regional para as comunidades indígenas. "Somos as autoridades legítimas."
Um grupo de médicos venezuelanos cruzou neste domingo a fronteira com a Colômbia para protestar contra o bloqueio da ajuda e denunciar o péssimo sistema de saúde da Venezuela.
PDVSA
Para tentar driblar as sanções que os EUA impuseram no dia 28 com o objetivo de impedir o regime de ter acesso à receita da venda de petróleo, a estatal PDVSA instruiu os presidentes de joint ventures da qual faz parte a depositar os recursos recebidos da exportação de petróleo em uma conta recentemente aberta no banco russo Gazprombank AO, revelaram fontes. (Com agências internacionais).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.