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Chefe do Pentágono viaja ao Afeganistão para negociações de paz

A intenção de Patrick Shanahan é tranquilizar o governo afegão sobre as negociações de paz com os islamitas, que Washington vem conduzindo diretamente há alguns meses

O chefe interino do Pentágono,, chegou a Cabul nesta segunda-feira (11/2) para uma visita surpresa, coincidindo com as negociações de paz dos Estados Unidos com o Talibã.

Durante essa visita, não anunciada por razões de segurança, o secretário interino da Defesa se encontrará com o presidente afegão, Ashraf Ghani, que o Talibã excluiu das negociações.

Sua intenção é tranquilizar o governo afegão sobre as negociações de paz com os islamitas, que Washington vem conduzindo diretamente há alguns meses. "É importante que o governo afegão esteja envolvido nas discussões que dizem respeito ao Afeganistão", disse Shanahan no avião para Cabul.

"Os Estados Unidos investiram muito na segurança [do Afeganistão], mas são os afegãos que devem decidir seu futuro", disse aos repórteres que o acompanham.

O Talibã se recusa a negociar com o Executivo de Ashraf Ghani, a quem os rebeldes chamam de marionete dos americanos. Em sua campanha eleitoral, Donald Trump prometeu que acabaria com este conflito, que matou milhares de civis afegãos e 2.400 soldados americanos ou, ao menos, que retiraria suas tropas. Uma ideia que reiterou na terça-feira passada durante seu discurso anual sobre o Estado da União perante o Congresso.

Em dezembro, autoridades americanas disseram que o presidente havia decidido repatriar metade dos 14 mil militares americanos no Afeganistão.

Sem redução de contingente imediata

Mas Shanahan, um ex-executivo da Boeing que chegou ao posto de número 2 do Pentágono em 2017 antes de suceder, em 1; de janeiro, Jim Mattis, afirmou que neste momento não há planos imediatos de uma redução iminente do contingente americano no Afeganistão. "Eu não recebi ordens para reduzir nossas tropas no Afeganistão", disse ele.

"A presença que queremos no Afeganistão deve garantir a defesa de nosso território e apoiar a estabilidade regional", acrescentou. Qualquer discussão sobre o volume de tropas implantadas "será realizada de maneira coordenada e disciplinada".

Mattis renunciou ao cargo por causa de suas divergências com Trump sobre a retirada das tropas americanas na Síria, onde atuam desde 2014 contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), liderando uma coalizão internacional.

Além de seu encontro com o presidente afegão, Shanahan também planeja visitar a base de Morehead, perto de Cabul, onde os soldados americanos treinam seus colegas afegãos.

Shanahan afirmou seu apoio ao enviado dos Estados Unidos para a paz no Afeganistão, Zalmay Khalilzad, que está negociando com o Talibã. Mas indicou que também espera ouvir as impressões do general Miller sobre essas negociações, que sempre são acompanhadas por um representante do Pentágono. "Quando refletimos sobre nossa presença nesse país, há muitos riscos, mas também muitas oportunidades", disse ele.

"Parte do propósito da minha visita é sentar com o general Miller e sua equipe [...] para me dizer o que é importante para ele, o que ainda precisa ser resolvido.

Por sua parte, Zalmay Jalilzad iniciou no domingo à noite um giro que o levará à Bélgica, Alemanha, Turquia, Catar, Afeganistão e Paquistão, segundo o Departamento de Estado americano.

As negociações entre Washington e os talibãs teriam que ser retomadas em 25 de fevereiro, segundo os insurgentes. A última reunião realizada em janeiro em Doha, onde o Talibã mantém um escritório político, terminou, segundo ambas as partes, com "progressos".

Khalilzad anunciou mais tarde que um "esboço" de acordo havia sido alcançado, mas que "muito trabalho" ainda precisava ser feito para alcançar a paz.