Os opositores venezuelanos, convocados por seu líder Juan Guaidó, se preparam para marchar nesta terça-feira (12/2) a fim de exigir aos militares que desconheçam a ordem do presidente Nicolás Maduro de impedir a entrada de ajuda humanitária americana.
Guaidó, reconhecido por 50 países como presidente interino, convocou manifestações em todo o país quando será celebrado o Dia da Juventude para enviar uma mensagem às Força Armadas. "Vamos nos mobilizar em todo o país pra conseguir a entrada da ajuda humanitária que permita atender a crise", expressou o também chefe do Parlamento, de maioria opositora.
Alimentos e remédios enviados pelos Estados Unidos permanecem desde quinta-feira em um centro de armazenamento na cidade de Cúcuta, na Colômbia, perto da ponte fronteiriça Tienditas, bloqueada por militares venezuelanos com dois contêineres e uma cisterna.
Versões da imprensa assinalam que o governo enviou forças policiais de elite para Táchira, estado fronteiriço com a Colômbia, às vésperas da marcha. A mobilização opositora também homenageará os falecidos - 40, segundo a ONU - durante distúrbios ocorridos desde 21 de janeiro.
A assistência humanitária concentra esta semana a sua ofensiva para conseguir que acabe a usurpação, (haja) um governo de transição e eleições livres. "Vamos continuar mobilizados para salvar vidas com a ajuda humanitária", disse o opositor Juan Guaidó, que conta com o apoio de Estados Unidos e um crescente respaldo da União Europeia e da América Latina.
A sua equipe de colaboradores em Washington organiza para quinta-feira uma conferência internacional na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA) para "sensibilizar" governos, organismos multilaterais, empresas e ONGs sobre a ajuda para a Venezuela.
Segundo a oposição, mais de 20.000 voluntários se inscreveram para colaborar no processo de entrada da ajuda. De acordo com Guaidó, nos próximos dias serão abertos outros centros de armazenamento no Brasil e em uma ilha caribenha a definir.
Tentando fissurar a Força Armada, o líder opositor advertiu aos militares que impedir a entrada de alimentos e remédios é um crime contra a humanidade. Não obstante, a cúpula militar continua professando "lealdade absoluta" a Maduro. No domingo, a Força Armada iniciou cinco dias de exercícios em todo o país para enfrentar uma eventual invasão dos Estados Unidos.
"Não haverá império que se atreva a tocar o território da Venezuela", assegurou o presidente socialista, Nicolás Maduro, ao inaugurar as manobras.
Na sexta-feira, em entrevista à AFP, Guaidó advertiu que fará "o necessário" para conseguir que "acabe a usurpação" e "salvar vidas", sem descartar que o Parlamento autorize a intervenção de uma força estrangeira.
Os Estados Unidos propuseram ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução sobre a Venezuela no qual pede que facilite a ajuda humanitária e se comprometa a eleições presidenciais, um texto ao qual a Rússia se opôs, segundo fontes diplomáticas.