O governo cubano acusou na quinta-feira (14/2) os Estados Unidos de realizarem movimentações militares no Caribe com o objetivo de preparar uma intervenção na Venezuela para derrubar o presidente Nicolás Maduro. Havana também confirmou que enviou a Caracas, ao lado da China, 933 toneladas de medicamentos e equipamentos médicos em um momento em que o chavismo impede a entrada de ajuda humanitária no país.
"Entre 6 e 10 de fevereiro, aviões militares voaram de Porto Rico para a República Dominicana e outras ilhas do Caribe, provavelmente sem o conhecimento desses países", disse o governo cubano, em nota. "Esses voos saíram de instalações militares especiais para operações de elite."
O governo dominicano, no entanto, negou que os voos tenham passado pelo país. Os militares americanos também rejeitaram as acusações de Havana.
"Apesar de dizer que todas as opções estão na mesa, o governo americano deixa nas entrelinhas que prefere uma saída política. Trump diz no Twitter que Maduro aceita negociar, (John) Bolton diz que Maduro pode se aposentar numa praia, e assim por diante", disse ao Estado Geoff Ramsey, especialista em Venezuela do Washington Office on Latin America (Wola). "Uma intervenção americana na Venezuela seria muito impopular, tanto nos Estados Unidos quanto no exterior."
Ajuda. Sem reconhecer que necessita de ajuda humanitária para lidar com a grave crise financeira e de escassez que atinge o país, o governo venezuelano anunciou ontem a chegada de remédios e equipamentos de Cuba e China, ao mesmo tempo em que bloqueia na fronteira suprimentos enviados pelos Estados Unidos.
De acordo com o Ministério da Saúde venezuelano, foram recebidos anestésicos, vacinas, antibióticos e analgésicos entre outros remédios. "Maduro tenta ganhar tempo ao barrar a ajuda humanitária para desarticular a oposição, mas é uma estratégia arriscada, pois as sanções terão forte impacto", acrescentou Ramsey. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.