O presidente do Haiti, Jovenel Moise, rompeu o silêncio dos últimos dias nesta quinta-feira (14/2) para negar que deixará o comando do país e fazer um apelo ao diálogo após oito dias de violentos protestos que exigem sua renúncia. Em pronunciamento na televisão estatal, ele afirmou que "lutará para restabelecer a paz e a estabilidade" no país.
O Haiti completou nesta quinta-feira oito dias de protestos convocados por setores da oposição que desejam a saída de Moise. Pelo menos nove pessoas morreram nas manifestações que foram marcadas por ataques, saques e confrontos com a polícia.
O presidente agradeceu o apoio da comunidade internacional e disse estar disposto a levar o Haiti adiante. "Somente o diálogo pode ajudar o país", afirmou, acrescentando que há pessoas que não entendem os processos democráticos.
Moise destacou ainda que não "deixará o país nas mãos de bandidos que querem usar o Haiti" para seus interesses pessoais e ordenou que a polícia prenda todos os "envolvidos no tráfico de drogas e que querem criar terror".
Em sua mensagem, o presidente haitiano não explicou as medidas que pretende tomar para resolver a grave crise política e econômica do país e não se referiu ao escândalo de corrupção no Petrocaribe, programa de fornecimento de petróleo pela Venezuela ao Haiti por preços reduzidos.
Uma auditoria apresentada na semana passada pelo Tribunal de Contas revelou irregularidades entre 2008 e 2016 neste programa e apontou para 15 ex-ministros e atuais funcionários que estariam envolvidos neste caso, assim como uma empresa que Moise dirigia antes de chegar à presidência.
Os protestos, convocados por líderes de partidos de oposição e grupos sociais, começaram no último dia 7, coincidindo com o aniversário de dois anos da posse de Moise.
Nesta quinta-feira, em razão da violência registrada nas manifestações, o governo dos Estados Unidos determinou a retirada do Haiti de "todo pessoal americano que não é de emergência". (Com agências internacionais).