Quase 80 túmulos de um cemitério judaico na cidade de Quatzenheim, leste da França, foram encontrados profanados nesta terça-feira (19/2), anunciaram em comunicado a prefeitura de Bas Rhin. As autoridades locais, que caracterizaram o como "antissemita odioso".
O Ministério Público informou que abriu uma investigação para tentar localizar os autores do delito. Segundo um fotógrafo da AFP, os túmulos foram pintados com suásticas nazistas azuis e amarelas. Também em um túmulo estava escrito "Esassisches Schwarzen Wolfe" ("Os Lobos Alsacianos Negros"), uma possível referência a um grupo autonomista alsaciano ativo nos anos 70.
O prefeito de Bas-Rhin, Jean-Luc Marx, citado em um comunicado, condenou "com a máxima firmeza este odioso ato antissemita e expressou seu total apoio à comunidade judaica que foi atacada mais uma vez".
O presidente Emmanuel Macron anunciou que viajará ao local do crime, segundo o ministro do Interior, Christophe Castaner, falando à rádio RTL. A viagem do chefe de Estado acontece antes de sua visita ao Memorial do Holocausto em Paris, que precederá muitos protestos contra o aumento dos atos antissemitas na França. "Tomaremos ações, promulgaremos leis e vamos punir os responsáveis", disse Macron.
O MP de Paris também abriu uma investigação preliminar sobre os insultos antissemitas de que o escritor e filósofo Alain Finkielkraut foi vítima durante um protesto contra o governo por parte dos "coletes amarelos" no fim de semana passado. O ensaísta foi chamado, entre outras coisas, de "m* sionista" por alguns manifestantes irados que o encontraram em uma rua no coração de Paris.
Macron condenou os insultos antissemitas contra Finkielkraut, afirmando que os mesmos foram "a negação absoluta de quem somos e o que nos faz uma grande nação". "Nós não vamos tolerar isso", disse ele.
Poucos dias antes uma suástica foi pintada em um retrato em Paris da falecida ex-ministra Simone Veil, sobrevivente de um campo de extermínio nazista durante a Segunda Guerra Mundial, e duas árvores que haviam sido plantadas em memória de um jovem judeu assassinado em 2006 foram destruídas.
Segundo dados publicados na semana passada pelo Ministério do Interior, o número de atos antissemitas subiu 74% na França em 2018. No total, houve 541 atos antissemitas na França no ano passado, em comparação com 311 em 2017.
Macron não participará das marchas, mas seu primeiro-ministro, Edouard Philippe, estará presente junto a vários membros do governo em uma congregação em Paris às 19h00 (horário de Brasília) na praça da República.