Milhares de opositores venezuelanos aclamaram em Caracas a seu líder Juan Guaidó, que chegou nesta segunda-feira (4/3) a Venezuela pelo aeroporto internacional, sob ameaça de ser detido por ter ignorado uma ordem judicial que proibia sua saída do território.
"Sabemos dos riscos que corremos, isso nunca nos parou. O regime, a ditadura, deve entender (...) que estamos mais fortes do que nunca, continuamos na rua, mobilizados", disse o opositor no aeroporto, enquanto seus simpatizantes gritavam "Guaidó, Guaidó" e "Sim, podemos".
Após a chegada do líder opositor à Venezuela, o vice-presidente americano, Mike Pence, tuitou que "qualquer ameaça, violência ou intimidação contra ele não vai ser tolerada e vai ter uma resposta rápida".
Um grupo de embaixadores de países europeus e do Chile o esperavam no aeroporto de Maiquetía, a 20 km de Caracas. O embaixador da França, Romain Nadal, declarou que o grupo de diplomatas o acompanhava "como testemunhas da democracia e da liberdade".
Ao sair do aeroporto, o opositor, de 35 anos, subiu no teto de sua caminhonete para saudar seus seguidores e balançar uma bandeira nacional. Depois chegou em caravana de veículos diplomáticos a uma praça do leste de Caracas, em meio à ovação de milhares de pessoas.
Discurso na praça
Em discurso na praça, Guaidó convocou uma nova marcha para o próximo sábado, com o objetivo de aumentar a pressão contra o governo de Nicolás Maduro.
"No sábado continuaremos nas ruas, toda a Venezuela voltará às ruas. Não ficaremos tranquilos até alcançar a liberdade", disse Guaidó perante milhares de seguidores.
As marchas desta segunda-feira começaram ao meio-dia em todo o país. Guaidó saiu em segredo do país há dez dias, segundo ele ajudado por militares venezuelanos na fronteira com a Colômbia.
Os Estados Unidos - que não descartam uma opção militar na Venezuela -, a União Europeia e vários governos latino-americanos expressaram preocupação por sua segurança.
"Qualquer ameaça ou ato contra seu retorno seguro encontrará uma forte e significativa resposta dos Estados Unidos e da comunidade internacional", advertiu no Twitter o conselheiro de segurança americano, John Bolton.
Reconhecido por mais de 50 países como presidente interino da Venezuela, Guaidó, de 35 anos, regressa de uma viagem pela Colômbia, Brasil, Paraguai, Argentina e Equador, que começou em 22 de fevereiro na cidade colombiana de Cúcuta, no âmbito da tentativa fracassada de entrada de ajuda humanitária.
Sua volta à Venezuela põe o governo em um dilema: se o prender, provocará uma forte reação internacional e interna, e se o deixar livre, colocará em evidência certa fraqueza.