As disparidades profissionais entre homens e mulheres não registraram um declínio real nos últimos 25 anos e a situação só mudará quando os homens assumirem mais tarefas domésticas, estimou a ONU, nesta quinta-feira (7/3), véspera do Dia Internacional da Mulher.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelou em um novo relatório que as disparidades entre a taxa de emprego de homens e mulheres diminuíram menos de dois pontos percentuais nos últimos 27 anos.
Em 2018, a probabilidade de mulheres terem acesso a um emprego era 26% menor do que a dos homens, apesar das pesquisas indicarem que 70% das mulheres prefeririam trabalhar em vez de ficar em casa.
Em seu relatório publicado na véspera do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, a OIT enfatizou que há vários fatores que impedem a igualdade no emprego e que o fator que mais complica é a criação dos filhos.
"Nos últimos 20 anos, o tempo gasto pelas mulheres com cuidados para os filhos e trabalhos domésticos não remunerados praticamente não diminuiu, enquanto que para os homens aumentou apenas oito minutos por dia", indicou Manuela Tomei, diretora do Departamento de Condições Trabalhista e Igualdade da OIT.
Nesse ritmo, acrescentou, "serão necessários mais de 200 anos para alcançar a igualdade de tempo dedicado às atividades (domésticas) não remuneradas".
Penalizadas pela maternidade
De acordo com o relatório, 647 milhões de mulheres em idade de trabalhar (21,7%) no mundo prestam serviços domésticos gratuitos e em tempo integral, e esse percentual chega a 60% nos países árabes.
A título de comparação, apenas 47 milhões de homens (1,5%) fazem esse tipo de atividade. Essa desigualdade faz com que as mães sofram uma penalidade profissional em razão da maternidade frente ao emprego, enquanto os pais se beneficiam de um bônus salarial, acrescenta o relatório.
Ao mesmo tempo, a diferença no tratamento salarial entre homens e mulheres está estabilizada em 20% no mundo, às vezes o dobro em países como o Paquistão e a Arábia Saudita. "Quando os homens estão mais envolvidos em atividades de cuidados não remunerados, há mais mulheres em cargos de chefia", observa Tomei.
"Nós só alcançaremos o futuro de trabalho com justiça social, do qual precisamos, quando acelerarmos as ações destinadas a melhorar o progresso na igualdade de gênero no trabalho", sustenta o diretor-geral da OIT, Guy Ryder. "Nós já sabemos o que deve ser feito."