Com bandeiras a meio mastro e um minuto de silêncio durante o conselho de ministros, Portugal realizou nesta quinta-feira (7/3) um dia de luto nacional para homenagear as mulheres vítimas de violência doméstica.
De acordo com a lei, as bandeiras portuguesas estavam a meio mastro em todos os edifícios oficiais. "A violência tem de acabar e isso representa um desafio coletivo para a sociedade e cada um de nós. Mencionar as vítimas é começar a agir", disse nesta quinta-feira o primeiro-ministro Antonio Costa, na véspera do Dia Internacional da Mulher.
De acordo com o Observatório de Mulheres Assassinados da UMAR (associação que defende os direitos das mulheres), 28 mulheres foram assassinadas por seu cônjuge ou ex-cônjuge em Portugal em 2018.
De acordo com as estatísticas desta associação, que incitou as mulheres a se vestirem de preto nesta quinta-feira, um total de 503 mulheres foram mortas entre 2004 e 2018. "O feminicídio é um flagelo nacional e devemos sensibilizar as pessoas", disse à AFP Manuela Tavares, membro do conselho da UMAR, elogiando a iniciativa do governo.
"O que acontece nos tribunais é escandaloso", acrescentou Tavares, referindo-se a vários veredictos nos quais a gravidade de certos casos de violência de gênero é minimizada.
No centro da polêmica está um juiz do tribunal de apelação do Porto (norte) que foi afastado na quarta-feira desse tipo de caso depois de ter desencadeado um escândalo por ter considerado que o caso extraconjugal de uma mulher representava uma circunstância atenuante da violência que ela sofreu.