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China anuncia apoio total ao processo da Huawei contra os Estados Unidos

O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, celebrou a iniciativa da empresa e afirmou que a Huawei não deve permanecer calada diante dos americanos

A China expressou nesta sexta-feira (8/3) o apoio total ao combate judicial iniciado na quinta-feira pela gigante mundial das telecomunicações Huawei contra os Estados Unidos, ao mesmo tempo que prometeu adotar as medidas necessárias para defender a empresa.

O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, celebrou a iniciativa da empresa e afirmou que a Huawei não deve permanecer calada diante dos americanos.

Os Estados Unidos proibiram a Huawei de participar da instalação em seu território do 5G, a quinta geração de internet móvel, alegando que a China poderá utilizar os equipamentos do grupo para espionagem. Além disso, Washington tenta convencer os aliados ocidentais a adotar a mesma postura.

A justiça americana também quer julgar a diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou, por violar as sanções ao Irã. Meng foi detida no Canadá, onde permanece sob liberdade vigiada, à espera do julgamento de um pedido de extradição.

"Basta ter uma postura objetiva e imparcial para ver que as recentes ações contra uma empresa e particulares chineses não são um simples caso judicial, mas sim uma repressão política deliberada", disse Wang Yi à imprensa.

"Neste sentido, adotamos e seguiremos adotando todas as medidas necessárias para proteger com decisão os direitos e interesses legítimos das empresas e dos cidadãos chineses".

"Corresponde ao governo chinês assumir esta responsabilidade", disse Wang Yi durante a entrevista coletiva.


Armas legais

Na quinta-feira, a Huawei, gigante mundial dos smartphones e que disputa mercado com a Samsung e a Apple, informou que apresentou uma ação no Texas contra o governo dos Estados Unidos, que proibiu as agências federais de comprar equipamentos e serviços do grupo.

A empresa chinesa também pedirá uma indenização por danos e prejuízos aos Estados Unidos por restrições que considera inconstitucionais. Acusa ainda Washington de ter hackeado seus servidores e roubado e-mails. "Apoiamos as empresas e pessoas afetadas no uso de armas legais para proteger seus direitos e interesses", disse Wang Yi.

A Huawei é líder mundial em equipamentos de telecomunicações, mas seu controle do mercado gera uma preocupação crescente nos Estados Unidos, que quer se manter à frente do setor tecnológico.

O governo americano também diz estar preocupado com o fato de Pequim usar backdoors, as portas de entrada em equipamentos que potencialmente permitem espionar as comunicações.

As preocupações de Washington aumentaram com a expansão do grupo chinês no exterior. Os equipamentos da Huawei são considerados mais avançados que os das concorrentes sueca Ericsson ou finlandesa Nokia e nenhuma empresa americana representa uma concorrência considerável para o grupo chinês.

O governo americano considera a Huawei uma ameaça pelo passado de seu fundador, Ren Zhengfei, 74 anos, um ex-engenheiro do Exército chinês, e por uma lei que exige que grupos com sede social na China forneçam assistência técnica aos serviços de inteligência.

Mas a China alega que a situação é um pretexto para frear o desenvolvimento da empresa, líder mundial de equipamentos de telecomunicações, e evitar que os Estados Unidos sejam superados tecnologicamente.

"O que queremos é defender não apenas os direitos e interesses de uma empresa, mas também o legítimo direito de desenvolvimento de um país, de uma nação, e de todos os países do mundo que desejam melhorar seu nível de desenvolvimento científico e tecnológico", afirmou Wang.

A Huawei lançou nas últimas semanas uma campanha de comunicação agressiva para defender sua imagem. O outrora discreto fundador da companhia, Ren Zhengfei, tem dado várias palestras e entrevistas nas últimas semanas. Na quarta-feira, a empresa organizou uma visita a suas instalações de produção, pesquisa e desenvolvimento no sul da China.

O diretor jurídico da Huawei, Song Liuping, admitiu que a lei chinesa poderia obrigar a empresa a ajudar o governo, mas apenas em casos de terrorismo ou atos criminosos.

Após o processo contra Washington, a empresa chinesa informou nesta sexta-feira que não pretende no momento questionar na justiça a decisão da Austrália de bloquear o acesso da Huawei ao desenvolvimento do 5G neste país.