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Senado dos EUA derruba manobra de Trump para erguer muro na fronteira sul

A decisão da casa foi um duro golpe para Trump, já que membros do seu próprio partido foram contra sua proposta

Agência France-Presse
postado em 14/03/2019 18:27
A decisão da casa foi um duro golpe para Trump, já que membros do seu próprio partido foram contra sua proposta
O Senado dos Estados Unidos derrubou nesta quinta-feira (14) o pedido de emergência do presidente Donald Trump para a liberação de verbas para construir o muro na fronteira com o México. A decisão da casa foi um duro golpe para Trump, já que membros do seu próprio partido, o Republicano, foram contra sua proposta. Após saber da derrota, o dirigente prometeu que irá impor seu poder de veto contra o resultado.

Na votação no Senado, onde os republicanos são a maioria com 53 cadeiras contra 47 da oposição, mais de uma dezena de senadores do partido de Trump se colocou ao lado dos democratas mantendo a decisão emitida pela Câmara dos Representantes.

A construção do muro na fronteira com o México foi uma das principais promessas de campanha do atual presidente americano, que emitiu a declaração de emergência em fevereiro passado num lance para garantir os recursos necessários para a realização da obra.

Nos últimos dias, um grupo de senadores republicanos deu sinais que ficaria ao lado dos democratas no voto para decretar a nulidade da estratégia política do presidente, que lhe permitiria ignorar o Congresso e redistribuir bilhões de dólares que estavam destinados a outros projetos, como a renovação de instalações militares.

Para os senadores contrários à medida de Trump, constitucionalmente, caberia apenas ao Congresso o controle dos gastos do governo e a declaração de emergência emitida pela presidência representa um abuso flagrante de autoridade.

Antes da votação na casa, o senador republicano Mitt Romney, que concorreu à presidência contra Barack Obama em 2012, disse que apoiaria a moção dos democratas por ser "um voto a favor da Constituição e pelo equilíbrio de poderes".

Na quarta-feira, uma ala republicana tentou impedir a debandada de parte de sua bancada ao iniciar a elaboração de um acordo para limitar os poderes presidenciais associados a esta declaração de emergência, mas Trump se negou e adotou uma estratégia de confrontação.


"Um julgamento para a história"

Como seu partido tinha maioria no Senado, essa derrota ganha tons de humilhação para Trump, que vai usar pela primeira vez no mandato seu poder de veto.

"Estou preparado para vetá-lo, se for necessário", escreveu o magnata na sua conta pessoal no Twitter. "A fronteira sul é um pesadelo humanitário e para a segurança nacional, mas é algo que se pode consertar facilmente", acrescentou.

Antes da votação, o líder da bancada republicana no Senado, Mitch McConnell, havia expressado seu apoio à estratégia presidencial justificando que o sistema de segurança fronteiriça está "em um ponto de ruptura", numa tentativa de convencer seus correligionários rebeldes a não votar com a oposição.

Ao tomar conhecimento da declaração de McConnell, o líder dos Democratas na casa, Chuck Schumer, afirmou que tudo não passava de uma obra de puro "ressentimento".

"É nosso trabalho aqui no Congresso impedir que o Executivo extrapole seus limites", afirmou Schumer, acrescentando que esta votação entraria para a história.

Em meio às tentativas de busca de apoio nos corredores do Capitólio, a Casa Branca apresentou na segunda-feira um projeto de orçamento para 2020 que inclui 8,6 bilhões de dólares para a construção do muro, um valor muito acima dos 5,7 bilhões que havia pedido inicialmente neste ano.

É pouco possível que essa iniciativa passe, pois o Congresso havia rechaçado a liberação dos 5,7 bilhões de dólares na amarga luta que deixou o governo paralisado por mais de um mês, encaminhando apenas 1,375 bilhões de dólares para construir a barreira num trecho de 55 quilômetros no Texas.

Esta é a segunda derrota do governo no Senado em menos de 24 horas, já que na véspera os legisladores votaram contra a participação dos Estados Unidos no conflito no Iêmem.

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