O presidente do Comitê Olímpico Japonês, Tsunekazu Takeda, anunciou nesta terça-feira (19/3) que deixará o cargo em junho, depois que a justiça francesa anunciou um processo por corrupção.
Takeda também deixará seu posto no Comitê Olímpico Internacional (COI). "Considerando o futuro do Comitê Olímpico Japonês, pensei que a decisão mais conveniente era deixar a gestão para um novo líder da próxima geração", disse.
O dirigente, que comanda o organismo japonês desde 2001, desejava permanecer à frente da entidade até os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, mas o processo forçou uma revisão dos planos.
Os preparativos avançam
"Durante 18 anos presidi o comitê. Tóquio foi escolhida com o esforço de todos, os preparativos avançam como deveriam", disse. A imprensa nipônica afirma que vários candidatos estão na disputa para substituir Takeda, incluindo o campeão olímpico de judô Yasuhiro Yamashita, que já é funcionário do comitê.
A justiça francesa suspeita que Takeda autorizou dois supostos pagamentos que totalizaram 1,8 milhão de euros em 2013, durante a campanha da candidatura japonesa. Em setembro do mesmo ano, Tóquio venceu a disputa para receber os Jogos Olímpicos de 2020 durante uma reunião do COI em Buenos Aires, com 60 votos contra 36 para Istambul.
Desde o anúncio do processo em janeiro, Takeda limitou suas aparições públicas. Cancelou viagens e se recusou, em uma entrevista coletiva de apenas sete minutos em Tóquio, a responder perguntas.
A investigação judicial francesa, iniciada em maio de 2016, se interessou por dois pagamentos feitos em benefício da empresa Black Tidings de Singapura sob o título "Tokyo 2020 Olympic Game Bid", procedente de uma conta de um banco japonês.
A Black Tidings era administrada por uma pessoa próxima a Papa Massata Diack, personagem central de vários casos de corrupção na cúpula do esporte mundial.
Takeda, que nega ter feito qualquer coisa errada, apresentou sua versão aos juízes de instrução em 10 de dezembro de 2018, durante um interrogatório em Paris. Na ocasião, o japonês foi notificado sobre o processo.
Seguindo seus colaboradores
"Não conhecia Papa Massata Diack, nunca falei com ele, não sei quem é", insistiu Takeda à justiça francesa durante sua audiência, apurou a AFP.
O japonês argumentou ter apenas assinado as ordens de pagamento seguindo as explicações de seus colaboradores sobre a necessidade de recorrer aos serviços da Black Tidings, comandada por um tal de Tan, que Takeda garante não conhecer.
A empresa teria sido recomendada pela agência publicitária japonesa Dentsu, continuou Takeda, uma relação de interesse para a justiça devido a parceria de longa data entre a agência e a Federação Internacional de Atletismo (Iaaf).
Em agosto de 2016, um comitê de investigação japonês afastou qualquer responsabilidade negativa de Takeda no caso, aceitando a explicação de que não conhecia Tan e Papa Massata Diack. Concluiu também que nenhuma lei japonesa foi violada, apontando apenas problemas de comunicação. Este relatório não convenceu os investigadores franceses.
"Não cometi qualquer irregularidade. Não posso comentar a fundo a questão porque as investigações estão em andamento", completou nesta terça-feira Takeda.