O balanço da explosão de quinta-feira em uma fábrica de produtos químicos no leste da China subiu para 47 mortos, o que o transforma em um dos mais graves acidentes industriais do país nos últimos anos.
As imagens feitas por drones e exibidas nesta sexta-feira (22/3) pelo canal estatal CCTV mostram um cenário apocalíptico, com edifícios destruídos, 24 horas depois da explosão na fábrica.
Mais de 600 pessoas receberam atendimento médico após a explosão, que aconteceu na tarde de quinta-feira (hora local) em um parque industrial de Yancheng, na província de Jiangsu, indicaram as autoridades locais.
Ao menos 90 delas ficaram gravemente feridas no incidente. A explosão foi tão potente que o Centro Nacional de Sismologia registrou um tremor de 2,2 graus de magnitude na região de Yancheng. Vários edifícios desabaram no complexo.
Segundo o jornal estatal People;s Daily, a explosão os vidros das janelas das residências na zona fábrica e projetou uma enorme coluna de fumaça.
Nesta sexta-feira, a fumaça ainda era visível e os moradores tentavam retirar os escombros diante de suas casas. "Sabíamos que um dia explodiria", afirmou Xiang, uma mulher de 60 anos, que ressaltou uma preocupação antiga com a segurança e a poluição no local.
A polícia bloqueou a principal estrada de acesso à fábrica. Os moradores deste bairro de Yancheng, na província de Jiangsu, pareciam abandonados à própria sorte ante a dimensão dos danos.
Alguns foram obrigados a abandonar tudo rapidamente e passar a noite em um hotel. A explosão aconteceu às 14H48 locais (3H48 de Brasília) na fábrica da empresa Tianjiayi Chemical. Mais de 3.000 habitantes foram obrigados a deixar suas casas pelo temor das emissões tóxicas. O risco de contaminação complica ainda mais as operações de resgate.
O presidente chinês, Xi Jinping, que está em uma visita de Estado à Itália, pediu às equipes de resgate que façam todos os esforços necessários para resgatar os funcionários que permanecem presos sob os escombros.
A Tianjiayi Chemical, fundada em 2007, tem 195 funcionários e produz material altamente inflamável. As autoridades anunciaram a abertura de uma investigação para elucidar as causas da explosão e informaram que algumas pessoas foram detidas, mas não revelaram quantas.
Histórico de desastres
Acidentes industriais são comuns na China, onde os regulamentos de segurança são muitas vezes mal aplicados.
Em novembro, um vazamento de gás causou uma explosão em uma fábrica de PVC em uma cidade do norte da China que sediará as Olimpíadas de Inverno de 2022, matando 23 pessoas e ferindo 21 outras.
Um relatório publicado pelas autoridades locais em fevereiro revelou que a empresa química chinesa responsável pelo acidente escondeu informações e enganou os investigadores.
Em julho passado, uma explosão em uma fábrica de produtos químicos no sudoeste da província de Sichuan deixou 19 mortos e 12 feridos.
A empresa havia empreendido construções ilegais que não passaram nos controles de segurança, de acordo com as autoridades locais.
E, em 2015, explosões químicas em uma instalação de armazenamento de contêineres mataram pelo menos 165 pessoas na cidade portuária de Tianjin, no norte do país.
As explosões causaram mais de US$ 1 bilhão em prejuízos e provocaram revolta contra a percepção da falta de transparência sobre as causas do acidente e de seu impacto ambiental.