postado em 25/03/2019 06:00
Depois dos estragos causados pelo ciclone tropical Idai na região sudeste da África ; ao menos 760 pessoas morreram ;, autoridades se preparam para lidar com uma epidemia ;inevitável; de doenças transmitidas pela água. Uma das enfermidades que mais preocupam os líderes governamentais de Moçambique, país mais castigado pelo desastre natural, é a cólera, que pode afetar centenas de milhares de sobreviventes. ;É inevitável que apareçam casos de cólera e malária;, declarou, em comunicado, o ministro do Meio Ambiente, Celso Correia.
A Cruz Vermelha anunciou, na sexta-feira, os primeiros casos da doença em Moçambique, mas a Organização das Nações Unidas (ONU) e o governo local indicam que ainda não há casos registrados. ;Teremos doenças transmissíveis pela água. Mas com centros instalados, seremos capazes de administrar a situação;, disse Sebastian Rhodes-Stampa, do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Só Moçambique contabiliza 446 mortos, de acordo com o balanço de ontem. O número tem aumentado dia a dia ; eram 417 vítimas no sábado ; porque vão chegando às autoridades as informações de zonas que estavam isoladas. A redução do nível da água tem ajudado as equipes de emergência a prosseguirem com as operações de distribuição de alimentos e de reconstrução das estradas. Mais de 100 mil pessoas estão alojadas em abrigos de emergência, em sua maioria escolas.
Em Zimbábue, país vizinho, as inundações catastróficas e os deslizamentos de terra deixaram 259 mortos, segundo a ONU, e quase 200 desaparecidos, incluindo 30 estudantes. ;O balanço pode subir porque algumas regiões estavam isoladas até agora e começam a ficar acessíveis;, afirmou Sebastian Rhodes-Stampa. Zimbábue e Malawi também foram atingidos e lutam para se recuperar da destruição causada pelo ciclone. Por enquanto, contabilizam, 259 e 56 mortos, respectivamente. Ao todo, quase 2 milhões de pessoas foram afetadas na região.
Acesso dificultado
De acordo com a OCHA, a logística para tentar localizar os desaparecidos continua sendo um desafio. Falta luz e estradas para chegar aos atingidos. Por exemplo, ao menos 80% da infraestrutura elétrica de Dondo, a 30 quilômetros de Beira, em Moçambique, foi danificada. As equipes de emergência conseguiram concluir as obras de reparo na única rodovia de acesso à cidade, que foi parcialmente arrasada pelas águas.
Apesar das dificuldades, a população tenta retomar a vida normal. Os sobreviventes iniciaram a reconstrução das casas com os poucos recursos à disposição. Em visita ao país, a diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) calcula que vá precisar pelo menos de US$ 30 milhões para prestar ajuda imediata à população. ;A situação vai piorar antes de melhorar. As agências de ajuda mal começaram a ver a escala dos danos;, declarou. A estimativa da entidade é de que há ao menos 1 milhão de crianças afetadas pelo ciclone no país.