Agência France-Presse
postado em 27/03/2019 19:15
Renton, Estados Unidos - O grupo aeronáutico norte-americano Boeing apresentou nesta quarta-feira mudanças esperadas no sistema de voo do seu 737 MAX, um modelo de aeronave envolvido em duas catástrofes aéreas que deixaram 346 mortos nos últimos meses.
[SAIBAMAIS]A empresa reuniu centenas de pilotos e repórteres em sua fábrica em Renton, nos EUA, para apresentar as modificações feitas ao sistema de estabilização MCAS, que estaria envolvido nos recentes acidentes na Etiópia e na Indonésia. O evento é uma tentativa de recuperar a confiança perdida.
"Vamos fazer de tudo para nos assegurarmos de que acidentes como esses não ocorram de novo", disse o vice-presidente de estratégia de produtos da Boeing, Mike Sinnet, à imprensa.
Um pouco mais tarde, Dan Elwell, diretor interino da Agência Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), deve explicar aos senadores americanos por que sua agência demorou tanto para proibir os voos do Boeing 737 MAX após o acidente que matou 157 pessoas em 10 de março na Etiópia.
Esse atraso levantou suspeitas sobre um conluio entre a agência norte-americana e a Boeing, especialmente depois que as autoridades chinesas e europeias decidiram proibir rapidamente os voos desses aviões, devido às semelhanças entre o acidente na Etiópia e o ocorrido em 29 de outubro. no mar de Java.
- Piloto retoma o controle -
A Boeing tenta convencer que a versão corrigida do sistema de estabilização MCAS do 737 MAX, questionada por sua suposta responsabilidade nos acidentes, está agora funcionando.
A intervenção do sistema será mais transparente para a tripulação, e os pilotos poderão desativá-lo mais facilmente em caso de problemas, explicou a Boeing. A empresa iria apresentar o novo MCAS aos profissionais nesta quarta-feira (27/3) para ter sua opinião sobre as mudanças.
Segundo a empresa, a nova versão do programa passou por "centenas de horas de análise, testes de laboratório, simulações e dois testes", incluindo um com representantes da FAA a bordo.
O objetivo é "reduzir a carga de trabalho da tripulação em situações anormais e impedir que o MCAS seja ativado quando receber dados falsos", disse a Boeing.
A FAA e outras autoridades reguladoras ainda precisam certificar essas modificações, disse a empresa.
A Boeing também planeja treinar melhor os pilotos para operar o MCAS e o 737 MAX, cujo comportamento mudou muito por causa das modificações nos motores.