Agência France-Presse
postado em 03/04/2019 07:07
Os pilotos do Boeing 737 MAX da Ethiopian Airlines que caiu em março seguiram os passos de emergência estipulados pela fabricante, mas não conseguiram recuperar o controle do avião, informa a edição desta quarta-feira do Wall Street Journal.
O avião caiu no dia 10 de março pouco depois da decolagem em Adis Abeba, uma tragédia que matou as 157 pessoas estavam a bordo. Este foi o segundo acidente fatal com um 737 MAX em menos de cinco meses, o que provocou a suspensão da autorização de voo deste modelo em todo o planeta.
O primeiro caso aconteceu em outubro de 2018, quando 189 pessoas morreram na queda de uma aeronave deste modelo da companhia aérea Lion Air na Indonésia. Após este acidente, a Boeing divulgou uma circular recordando as diretrizes de emergência para superar um sistema desenvolvido especialmente para os aviões MAX.
Os pilotos que tentaram recuperar o controle do avião etíope seguiram a princípio os procedimentos para desativar o sistema de estabilização, chamado Sistema de Aumento de Características de Manobras (MCAS), mas não conseguiram retomar o controle da aeronave, afirma o Wall Street Journal, que cita fontes com acesso às conclusões preliminares da investigação sobre o acidente.
Em seguida tentaram recuperar o controle de outra maneira, mas a tentativa não teve sucesso, indica o WSJ, cujas fontes utilizam como base "os dados obtidos com os gravadores da caixa-preta do avião".
O relatório preliminar sobre o acidente será publicado ainda esta semana, informou o governo etíope.
Analistas acreditam que o MCAS foi um fator chave nos dois acidentes do 737 MAX. O modelo foi projetado para abaixar automaticamente o nariz da aeronave se detectar um bloqueio ou perda de velocidade aerodinâmica.
Antes do acidente, os pilotos do 737 MAX da Lion Air lutaram para controlar o avião quando o MCAS pressionou para baixo o nariz da aeronave, segundo o registro dos dados de voo.
Tanto o avião da Lion Air como o da Ethiopian Airlines - ambos modelos MAX 8 - sofreram altos e baixos erráticos e uma velocidade de voo flutuante antes da queda pouco depois da decolagem. A Etiópia vê semelhanças claras entre os dois acidentes.
Na semana passada a Boeing, em busca de soluções para que o modelo possa voltar a voar, reuniu centenas de pilotos e jornalistas para apresentar mudanças no MCAS. Uma delas consiste em que o sistema pare de fazer correções quando os pilotos tentam recuperar o controle.