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Em disputa acirrada com moderados, Netanyahu tenta hoje quinto mandato

Agência Estado
postado em 09/04/2019 07:00
Os israelenses escolhem nesta terça-feira, 9, entre o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, e o general Benny Gantz. O premiê é um velho conhecido. Está há dez anos no poder e vem se aproximando mais dos conservadores religiosos. Gantz é um novato, sem experiência política, que adotou um tom moderado para mostrar que é diferente do rival. Gantz lançou sua candidatura em fevereiro. Desde então, acusa Netanyahu de dividir os israelenses e fala mais em "unificar" o país do que apresenta propostas concretas. "Não há mais direita e esquerda", diz o jingle do general. "Agradeço ao premiê Netanyahu pelos dez anos de serviços prestados. Daqui para frente, é conosco." Gantz fala em devolver aos palestinos áreas ocupadas por Israel, embora fuja do tema quando o assunto é uma Palestina independente. Pode não parecer muito, mas é o suficiente para se distanciar da política de Netanyahu, que no sábado defendeu a anexação de partes da Cisjordânia. "Gantz rejeita a ideia de anexação de partes da Cisjordânia. Seu grupo político acredita que isso colocaria em risco o caráter judeu e democrático do Estado de Israel", diz Yaakov Lappin, analista do Centro de Estudos Estratégicos Begin-Sadat, da Bar-Ilan University. Outra plataforma de Gantz é impor um limite de mandatos ao primeiro-ministro - Netanyahu, se for eleito, começará um quinto mandato e poderia ser o premiê que governou Israel por mais tempo (governou de 1996 a 1999 e começou o período atual em 2009). Ultrapassaria assim Ben Gurion, espécie de patriarca do Estado. O Azul e Branco, partido fundado recentemente por Gantz, defende ainda duas medidas que desagradam aos religiosos: menos restrições para o funcionamento do transporte público durante o shabat (sábado sagrado de descanso no judaísmo) e a regularização do casamento civil - em Israel, o casamento religioso é o único que tem validade, o que dificulta o divórcio e dá muito poder aos rabinos em questões como pensões, herança e adoção. O perfil de Gantz, orgulhoso da ação militar última guerra em Gaza, em 2014 - que deixou 73 israelenses e 2.189 palestinos mortos, segundo a ONU - seria desprezado pelos eleitores de centro-esquerda, não fosse um detalhe: judeus moderados, seculares ou socialistas aceitam hipotecar apoio ao general não pelo que ele é, mas pelo que ele não é, Netanyahu. Depois de tanto tempo no poder, o primeiro-ministro vem sofrendo um desgaste natural. Ele enfrenta três investigações que envolvem suborno, fraude e quebra de confiança. Há ainda um quarto escândalo, ainda mais grave: Netanyahu admitiu ter autorizado a venda de submarinos avançados para o Egito sem consultar o Ministério da Defesa, o que críticos dizem que poderia ser enquadrado como "crime de traição". "A estratégia de Netanyahu é atacar a imprensa, a Suprema Corte e o procurador-geral. Gantz tem buscado se opor ao negativismo", afirma Gideon Rahat, cientista político da Universidade Hebraica de Jerusalém. Pesquisas Pesquisas apontam um empate entre Gantz e Netanyahu. Os dois têm cerca de 25% dos votos e poderiam obter 30 deputados cada um, de um total de 120 no Parlamento. O próximo primeiro-ministro, no entanto, será quem conseguir formar uma coalizão que inclui os pequenos partidos. Quando considerados os dois grandes blocos políticos, a chamada "direita religiosa", de Netanyahu, estaria à frente com 65 cadeiras, ainda segundo as sondagens. A centro-esquerda, alinhada a Gantz, faria 55 deputados. É possível que a apuração dos votos seja divulgada hoje, mas o nome do novo premiê ainda leve dias para ser conhecido. Uma cláusula de barreira de 3,25% dos votos pode eliminar do Parlamento pequenos partidos, tanto à direita quanto à esquerda, embaralhando os cálculos. Além disso, a decisão do presidente de Israel, Reuven Rivlin, precisa escolher entre Gantz e Netanyahu quem terá a prerrogativa de formar o governo primeiro. Rivlin e Netanyahu se detestam. Se a prerrogativa couber a Gantz, ele pode atrair um ou mais partidos conservadores e se tornar primeiro-ministro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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