Agência France-Presse
postado em 09/04/2019 15:13
O opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, disse nesta terça-feira ter mantido contatos "muito discretos" com militares venezuelanos e ressaltou que a esmagadora maioria das Forças Armadas de seu país quer uma mudança do governo.
"Tivemos comunicações muito discretas, é claro, com os militares, mas não é o momento de dar alguns detalhes porque infelizmente aqui (na Venezuela) se vive uma ditadura. A perseguição está na ordem do dia", disse Guaidó em entrevista à rádio RPP.
Segundo ele, 91% dos venezuelanos querem uma mudança no governo do presidente Nicolás Maduro "e isso não foge das Forças Armadas".
;A família militar e todos aqueles que estão vinculados à crise na Venezuela sabem o que vivem", disse.
Para Guaidó, há "algumas características importantes de mal-estar" nos membros das Forças Armadas, que ele considera "o último apêndice de apoio ao regime ditatorial" de Maduro.
Ele garantiu que as forças de oposição "continuarão a lutar pacificamente, não violentamente, mas de forma muito contundente para alcançar esse passo adicional e recuperar a democracia".
Guaidó denunciou a existência de mil presos políticos em seu país, incluindo seu chefe de gabinete, Roberto Marrero. Os responsáveis pelas empresas de som usadas nas manifestações da oposição também foram brevemente detidos e devem se apresentar aos tribunais.
Ele afirma, entretanto, que apesar da perseguição, o apoio cresce.
Guaidó se auproclamou presidente interino em 23 de janeiro, depois que o parlamento, que tinha uma maioria de oposição, declarou Maduro "usurpador" da presidência, por uma eleição de "fraudulenta".
Desde então, ele lidera a oposição com um roteiro: fim da usurpação, governo de transição e eleições livres. Cerca de cinquenta países, incluindo o Brasil, o apoiam.
O opositor disse à RPP que, em um novo governo "todas as (obrigações) contraídas legitimamente serão cumpridas" pela Venezuela.
"Não será um problema para Rússia, China ou qualquer outro país, porque o que será respeitado é o Estado de direito, a constituição, o resgate da segurança jurídica que falta hoje para gerar confiança em nossa economia", concluiu.