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Netanyahu caminha para quinto mandato em Israel

Benny Gantz, o adversário do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nas eleições legislativas israelenses, reconheceu nesta quarta-feira a sua derrota

Agência France-Presse
postado em 10/04/2019 15:42
Benny Gantz, o adversário do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nas eleições legislativas israelenses, reconheceu nesta quarta-feira a sua derrota
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, caminhava nesta quarta-feira (10) para conquistar seu quinto mandato, após eleições legislativas que o deixam em posição de formar um novo governo.

A eventual vitória, apesar das acusações de corrupção contra Netanyahu, permitirá que ele se torne, ao final do ano, o primeiro-Ministro com mais tempo de poder na história do Estado de Israel, superando o lendário David Ben Gurion.

De acordo com as projeções, o partido de Netanyahu, Likud deveria obter nessas eleições aproximadamente o mesmo número de assentos (35) que seu principal adversário, o partido Azul e Branco, do ex-militar Benny Gantz, de 59 anos.

Mas com quase a totalidade dos votos apurados, os números indicam que o Likud e um grupo de partidos aliados da direita, reunidos em uma coalizão, terão 65 cadeiras do total de 120 do Parlamento, o suficiente para consolidar a maioria e formar o novo governo.

Benny Gantz, o adversário do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nas eleições legislativas israelenses, reconheceu nesta quarta-feira a sua derrota, durante uma coletiva de imprensa em Jerusalém.

"Nós respeitamos a decisão do povo", afirmou o líder da lista centrista Azul-Branco que esperava poder formar uma coalizão e substituir Netanyahu, que tem o apoio de 65 deputados contra 55 para o seu rival, segundo os primeiros resultados da votação.

Gantz havia declarado vitória na noite da eleição e esperava formar uma ampla coalizão para substituir Netanyahu.

Em discurso para partidários em Tel Aviv, Netanyahu disse que a vitória foi "magnífica".

"O povo de Israel me deu seu apoio para um quinto mandato, e expressou uma confiança ainda maior", disse o primeiro-ministro, revelando que já iniciou contatos com outros partidos de direita em busca de uma coalizão.

Mas no quartel-general do partido Azul e Branco, o general Benny Gantz, principal adversário de Netanyahu, também cantou vitória.

"É um dia histórico, mais de um milhão de pessoas votaram em nós. O presidente deve nos atribuir a responsabilidade de formar o próximo governo porque somos o partido mais importante", declarou Gantz.

Mais de 6,3 milhões de eleitores estavam registrados para comparecer às urnas na terça-feira para escolher os 120 deputados que os representarão na Knesset (Parlamento israelense). O índice de participação foi de 67,9%, contra 71,8% nas legislativas de 2015.

Negociações

Após a confirmação dos resultados, um período de intensas negociações para formar um governo de coalizão será aberto nos próximos dias.

Depende do presidente Reuven Rivli considerar, à luz das recomendações dos eleitos, que partido designará para formar o novo governo.

Benjamin Netanyahu acumula 13 anos no cargo de primeiro-ministro e com o quinto mandato estabelecerá um recorde de longevidade no poder.

O general Gantz, ex-paraquedista, carregava a experiência como comandante de uma unidade de forças especiais e de ex-chefe do estado-maior das forças de Defesa. Há seis meses, ele não era sequer identificado como político em Israel.

A esquerda israelense saiu humilhada das urnas, com apenas seis cadeiras no Parlamento para o histórico Partido Trabalhista.

Manobras para vencer

Sem diferenças significativas nos programas do governo entre os dois candidatos, a campanha se tornou um plebiscito sobre a pessoa de Netanyahu, adorada e detestada.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, expressou na terça-feira seu desejo de que essas eleições tragam a paz e disse estar preparado para retomar as negociações se o direito internacional for respeitado. Mas, diante dos dados, os resultados que dão vantagem a Netanyahu, o negociador palestino Saeb Erekat disse que os israelenses disseram nas urnas "não à paz".

"Os israelenses votaram para manter o statu quo. Disseram ;não; à paz e ;sim; à ocupação", avaliou Saeb Erekat em um comunicado.

Gantz afirmava que esta eleição era fundamentalmente sobre o fim de anos de divisões e corrupção corporificados pelo primeiro-ministro.

Netanyahu, por outro lado, garantiu que ninguém é melhor preparado do que ele para garantir a segurança e a prosperidade do país.

Em fevereiro, o procurador-geral anunciou a intenção de denunciar formalmente Netanyahu por corrupção, fraude e quebra de confiança, e as pesquisas começaram a oscilar.

Refletindo o clima de hostilidade na campanha, o principal partido árabe em Israel apresentou uma queixa na comissão eleitoral depois que militantes do Likud foram flagrados com câmeras nas seções eleitorais dos setores de maioria árabe. O partido árabe garante que isso foi feito para intimidar os eleitores e o Likud respondeu que o fez para evitar fraudes.

Os árabes israelenses são os descendentes dos palestinos que ficaram em suas terras após a criação de Israel em 1948.

Aproximação com Trump

Os israelenses consideram que Trump ofereceu a Netanyahu um "presente" espetacular durante a campanha eleitoral, reconhecendo a soberania israelense sobre as Colinas de Golã, anexadas da Síria.

Netanyahu mencionou sempre que pôde sua proximidade com o presidente dos Estados Unidos.

Ele alimentou ainda mais a polêmica, ao afirmar, desafiando um amplo consenso internacional, que está preparado para anexar assentamentos israelenses na Cisjordânia, um território palestino ocupado por Israel por meio século.

Líder de um governo considerado o mais direitista da história de Israel, Netanyahu deve assumir a liderança em uma coalizão ainda mais radical.

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