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Assange passa primeira noite na prisão e inicia batalha contra extradição

O fundador do Wikileaks foi preso, na quinta-feira (11/4), na sede da embaixada equatoriana, após Quito retirar seu direito de asilo em virtude de uma ordem de prisão britânica de 2012

Agência France-Presse
postado em 12/04/2019 11:37
Esta prisão, destinada aos detentos que apresentam um 'risco de fuga', está localizada no sul de Londres
Londres, Reino Unido - Julian Assange, que passou sua primeira noite detido em Londres, enfrenta, nesta sexta-feira (12/4), uma longa batalha judicial sobre sua extradição para os Estados Unidos, depois de ficar quase sete anos refugiado na embaixada do Equador no Reino Unido.

O hacker de 47 anos, que as autoridades americanas querem julgar por considerá-lo uma ameaça à sua segurança em razão dos vazamentos de documentos secretos pelo site Wikileaks, estaria na penitenciária de Wandsworth, de acordo com a imprensa britânica, embora oficialmente o local de detenção não tenha sido revelado.

Esta prisão, destinada aos detentos que apresentam um "risco de fuga", está localizada no sul de Londres e é a mais lotada do país, com cerca de 1.600 presos, de acordo com um relatório de inspação de 2018. Julian Assange foi acusado na quinta-feira pelo sistema de justiça britânico de não ter comparecido ante um tribunal, um crime punível com um ano de prisão. O veredicto será anunciado em uma data posterior.

O fundador do Wikileaks foi preso, na quinta-feira (11/4), na sede da embaixada equatoriana, , sob a acusação de estupro e agressão sexual na Suécia, e de um pedido de extradição dos Estados por ataque cibernético.

Assange diz não

"Você aceita o pedido de extradição?", perguntou o juiz Michael Snow durante sua comparição no tribunal. No ;box; dos réus, Assange, vestido com uma jaqueta preta, cabelo comprido amarrado em um rabo de cavalo e com uma longa barba branca, respondeu negativamente. A solicitação americana será examinada em uma audiência em 2 de maio.

O australiano vai "lutar" contra este pedido de extradição, declarou sua advogada Jennifer Robinson. Para ela, a detenção de Assange "cria um precedente perigoso para órgãos de imprensa e jornalistas" em todo o mundo. ssange é acusado de ter ajudado a ex-analista de inteligência americana Chelsea Manning, antes conhecida como Bradley Manning, a obter a senha para acessar milhares de documentos classificados.

A plataforma WikiLeaks de Assange disseminou centenas de milhares de documentos secretos do exército e da diplomacia dos Estados Unidos. Após sua prisão, o Departamento de Justiça americano anunciou que solicitou sua extradição para julgá-lo por "conspiração através de ciberpirataria (hacking)", crime pelo qual pode ser condenado a até cinco anos de prisão nos Estados Unidos.

Acusação adicional

"Mas não há nenhuma garantia que uma acusação adicional será pronunciada" uma vez que ele esteja "em solo americano", alertou o editor do WikiLeaks, Kristin Hrafnsson, que pediu ao governo britânico que negue o pedido de extradição. "O governo britânico deve garantir que um jornalista nunca seja extraditado para os Estados Unidos por ter publicado documentos e vídeos (que mostram) assassinatos de cidadãos inocentes", acrescentou.

O líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, também pediu ao governo conservador de Theresa May que se oponha a esta extradição "por ter exposto evidências das atrocidades no Iraque e no Afeganistão". "No Reino Unido, ninguém está acima da lei", disse May na quinta-feira na Câmara dos Comuns. "Julian Assange não é um herói", afirmou por sua vez o ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt.

De acordo com o ministro da Justiça Sajid Javid, o custo de sua estadia na embaixada do Equador foi de 13,2 milhões de libras (15,26 milhões de euros) de 2012 a 2015 para a polícia britânica, forçada a vigiá-lo 24 horas por dia. Na Suécia, a advogada da mulher que acusa Julian Assange de estupro em 2010, disse na quinta-feira que iria pedir a reabertura da investigação após a prisão do fundador do WikiLeaks.

"Faremos tudo para que os promotores reabram a investigação sueca e para que Assange seja entregue à Suécia para ser julgado por estupro", disse Elisabeth Massi Fritz à AFP na quinta-feira.

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