Agência Estado
postado em 25/04/2019 08:05
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos Joe Biden anunciou, nesta quinta-feira (25), sua pré-candidatura à Casa Branca, pondo fim a meses de expectativa e engrossando uma enorme lista de pré-candidatos do Partido Democrata para desafiar Donald Trump nas eleições de 2020.
"Os valores fundamentais deste país, nossa posição no mundo, tudo o que os Estados Unidos fizeram, tudo está em jogo. Por isso hoje estou anunciando minha candidatura para presidente dos Estados Unidos", tuitou Biden.
Mesmo antes do anúncio oficial, Biden já liderava as pesquisas de opinião sobre as primárias do Partido Democrata.
Trump reagiu ao anúncio, questionando a capacidade mental de Biden de ganhar as primárias democratas.
"Bem-vindo à corrida Joe the Sleeper. Eu só espero que você tenha a inteligência, que sempre esteve em dúvida, para travar uma campanha pelas primárias com sucesso", escreveu o presidente no Twitter.
Pré-candidato mais experiente
O veterano político democrata de 76 anos se tornou, após o anúncio, o candidato com mais experiência, com um profundo conhecimento do Congresso, onde foi senador, assim como do Executivo, após oito anos como vice-presidente de Barack Obama.
Biden, cuja popularidade entre a classe trabalhadora permanece intacta apesar de sua longa trajetória de quase meio século na política, é visto como uma aposta conhecida para o eleitorado.
Agora deve competir com cerca de 20 candidatos que estão oficialmente em disputa para as prévias do partido.
O grande número de pré-candidatos - um recorde na história dos Estados Unidos - implica que Biden enfrenta um campo com uma diversidade sem precedentes nesta terceira tentativa para ser presidente dos Estados Unidos, após suas duas malsucedidas tentativas em 1988 e em 2008.
Este ano, manteve o suspense durante meses. Nesse intervalo, sua vantagem foi diminuindo diante de um panorama, no qual se destacam novos rostos na política - muitos deles muito jovens - como o candidato moderado Pete Buttigieg, prefeito de Indiana de 37 anos, metade da idade de Biden.
Nas últimas semanas, uma série de polêmicas também ofuscou a expectativa com o lançamento de sua pré-candidatura, depois que muitas mulheres acusaram Biden de gestos inadequados em atos públicos por seu comportamento efusivo, com um contato considerado demasiado direto fisicamente.
Político "old school" que reconheceu que tem o hábito de abraçar as pessoas, entre outros gestos, Biden não pediu desculpas por seu comportamento, mas prometeu, no início do mês, que estaria "mais atento" às novas normas sociais após o terremoto que marcou o movimento contra o assédios às mulheres, o #MeToo.
Segundo a pesquisa RealClearPolitics, Biden se situa como o favorito para levar a indicação do partido, com 29,3%, seguido por Bernie Sanders, o senador que foi pré-candidato presidencial em 2016 e que conta com 23% de apoio.
Na corrida, em terceiro está a senadora Kamala Harris, com 8,3%; seguida de Buttigieg, com 7,5%; da senadora progressista Elizabeth Warren, com 6,5%; e do ex-representante pelo Texas Beto O;Rourke, com 6,3%.
Tragédias familiares
Joseph Robinette Biden nasceu em 20 de novembro de 1942, na localidade operária de Scranton, na Pensilvânia.
Em 1972, pouco depois de ser eleito para o Senado pelo estado de Delaware, sua mulher Neilia e sua filha Naomi, de um ano, morreram em um acidente de trânsito.
Ainda assim, Biden decidiu assumir suas funções em Washington, enquanto cuidava de seus outros dois filhos, feridos no acidente.
Em 1977, voltou a se casar e teve uma filha.
Em 1986, teve de desistir em sua primeira candidatura à presidência democrata, ao ser descoberto plagiando os discursos.
Refugiado no Senado, buscou construir uma nova reputação, mas suas decisões como congressista desde então também podem projetar sombras na corrida presidencial.
Em 1991, foi ele que presidiu a audiência no Senado, na qual a advogada negra Anita Hill acusou o então candidato à Suprema Corte, Clarence Thomas, de assédio sexual.
Em 1994, defendeu com contundência uma lei contra o crime que lotou as prisões dos Estados Unidos. Esta legislação, que tinha como alvo os viciados em crack, atingiu em cheio a população negra. Recentemente, Biden reconheceu que foi um equívoco.
Em 2003, declarou-se a favor da invasão do Iraque, embora depois tenha admitido suas críticas sobre como o conflito foi administrado depois da queda de Saddam Hussein.
Em 2008, voltou a buscar a indicação à presidência, mas fracassou mais uma vez, derrotado pela estrela em ascensão Barack Obama, que acabou por convidá-lo para a chapa.
Em maio de 2015, seu filho Beau, de 46 anos, morreu de câncer. Muito afetado por essa perda, Biden cogitou se lançar à corrida presidencial em 2016, mas recuou.
O veterano político pode se orgulhar de não ter sido um vice-presidente decorativo. Obama confiou a ele o delicado tema do Iraque, em 2009, as relações com a América Central e outras iniciativas centrais, como orçamento e a questão das armas de fogo.
Sua franqueza também faz parte de seu mito e de sua popularidade entre os democratas, mesmo entre o eleitorado afro-americano.
Se vencer a indicação do partido, os debates da campanha presidencial com Trump prometem.