Agência France-Presse
postado em 25/04/2019 10:29
As igrejas católicas do Sri Lanka permanecerão fechadas até que a situação de segurança melhore no país, depois dos atentados que mataram 359 pessoas no domingo de Páscoa, enquanto as autoridades prosseguem com as buscas por suspeitos.
Os homens-bomba atacaram a minoria cristã da ilha do sul da Ásia no domingo, com atentados em três igrejas durante a missa de Páscoa, o que provocou um banho de sangue.
Ao mesmo tempo foram registradas explosões em três hotéis de luxo.
"Por conselho das forças de segurança, manteremos todas as igrejas fechadas", afirmou à AFP uma fonte da Igreja local.
"Não vai acontecer nenhuma missa pública até nova ordem", completou a fonte.
Os funerais das vítimas podem acontecer em cerimônias privadas.
Os atentados, que deixaram 359 mortos e 500 feridos, estão entre os mais violentos no mundo desde 11 de setembro de 2001.
As autoridades atribuem a autoria dos ataques ao grupo extremista local National Thowheeth Jama;ath (NTJ). A organização extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou os atentados em um vídeo.
O governo de Colombo iniciou uma gigantesca busca aos suspeitos. As forças de segurança cingalesa prenderam 16 pessoas nesta quinta-feira, elevando a 75 o número de detidos desde domingo.
As Forças Armadas mobilizaram milhares de soldados para apoiar a polícia nas buscas. O exército aumentou número de militares envolvidos no dispositivo de 1.300 a 6.300. Aeronáutica e marinha participam com 2.000 homens.
"Temos o poder de buscar, confiscar e deter graças ao estado de emergência", ativado na segunda-feira, afirmou o general Sumith Atapattu.
;Falha; do Estado
Colombo reconheceu uma "falha" do Estado na área de segurança, pois as autoridades não conseguiram impedir o massacre apesar de terem recebido informações prévias cruciais.
Um alerta emitido há 15 dias, que prevenia que o NTJ preparava atentados, não foi comunicado ao primeiro-ministro e a ministros importantes. A advertência era baseada em elementos transmitidos por "uma agência de inteligência estrangeira" e havia sido divulgada à polícia.
"Claramente aconteceu uma falha de comunicação de inteligência. O governo deve assumir suas responsabilidades, porque se a informação tivesse sido transmitida às pessoas corretas, teria permitido evitar ou minimizar os atentados", admitiu o vice-ministro da Defesa, Ruwan Wikewardene.
A polícia é subordinada ao presidente Maithripala Sirisena, que é rival do primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe. O primeiro destituiu o segundo no ano passado, mas foi obrigado a readmiti-lo no posto depois de sete semanas de caos político.
Os dois homens, com personalidades antagonistas, tem uma aversão recíproca e impõem obstáculos ao trabalho do outro.
O governo cingalês anunciou na quarta-feira que "nove homens-bomba" morreram nos atentados de Domingo de Páscoa. Oito foram identificados, mas os nomes não foram revelados.
Oito explosões
Nos oito locais em que aconteceram explosões no domingo, seis - três igrejas de Colombo, Negombo e Batticaloa e três hotéis de luxo em Colombo - foram alvos de atentados suicidas durante a manhã.
Posteriormente foram registradas explosões ao meio-dia em dois pontos da periferia de Colombo: estas foram obra de suspeitos que cometeram suicídio para evitar a prisão. Uma pessoa pretendia executar um atentado em um quarto hotel de luxo, mas não detonou sua carga explosiva por uma razão indeterminada.
O suspeito, cercado pelas forças de segurança horas depois na periferia sul de Dehiwala, cometeu suicídio.
Quase no mesmo momento, duas pessoas - um homem e uma mulher - detonaram explosivos durante uma operação policial na residência de suspeitos na periferia norte de Orugodawatta.
O paradeiro do suposto líder do NTJ, Zahran Hashim, é desconhecido no momento.
"Vários homens-bomba estudaram e são de classe média ou de classe média alta. São bastante independentes economicamente e suas famílias são bastante estáveis, o que é um fator preocupante", afirmou o vice-ministro da Defesa.