Agência Estado
postado em 26/04/2019 19:17
Esta semana, a startup chinesa LinkSpace deu mais um passo para conseguir enviar pequenos satélites à órbita terrestre a preços acessíveis, criando assim um novo mercado de exploração espacial.
Em seu segundo teste bem sucedido feito no último mês, a startup usou um foguete reutilizado de 8,1 metros de altura e 1,5 tonelada chamado NewLine Baby. O dispositivo saiu da plataforma de concreto, pairou no ar a 40 metros do solo e retornou ao lugar de origem depois de 30 segundos.
Esses nanossatélites que costumam ter até 10 quilos e muitas vezes se assemelham a caixa de sapatos podem ser usadas em serviços de internet de alta velocidade para aeronaves e até na logística de rastreamento.
"O foco será na pesquisa científica e em alguns usos comerciais. Depois de entrar em órbita, o foco de curto prazo dos clientes certamente estará nos satélites", disse Hu Zhenyu, presidente da LinkSpace.
Mercado internacional. Um punhado de pequenas empresas de foguetes nos Estados Unidos também está desenvolvendo dispositivos semelhantes. Uma dos maiores startups, o Rocket Lab, já colocou 25 satélites em órbita. Nenhuma empresa privada na China fez isso ainda. Desde outubro o LandSpace e o OneSpace - tentaram, mas falharam.
As empresas chinesas estão se aproximando de lançamentos baratos de diferentes maneiras. Alguns, como o OneSpace estão projetando protótipos baratos e descartáveis. A LinkSpace quer construir foguetes reutilizáveis que retornam à Terra depois de entregar sua carga útil, muito parecido com os foguetes Falcon 9 do SpaceX de Elon Musk.
"Se você é uma pequena empresa e só pode construir um foguete muito pequeno, porque é só para isso que você tem dinheiro, suas margens de lucro serão menores", disse Macro Cáceres, analista da consultoria Aeroespacial Teal Group.
"Mas se você puder pegar esse pequeno foguete e torná-lo reutilizável, e você puder lançá-lo uma vez por semana, quatro vezes por mês, 50 vezes por ano, então com mais volume, seu lucro aumentará", acrescentou Cáceres.
Eventualmente, o LinkSpace espera cobrar até 30 milhões de yuans (US$ 4,48 milhões) por lançamento. Isso é uma fração dos US$ 25 milhões a US$ 30 milhões necessários para um lançamento em um Northrop Grumman Innovation Systems Pegasus, um foguete pequeno comumente usado atualmente. O Pegasus é lançado de uma aeronave de alta altitude e não é reutilizável.
A LinkSpace planeja conduzir testes de lançamento suborbital usando um foguete recuperável maior no primeiro semestre de 2020, atingindo altitudes de pelo menos 100 quilômetros. O primeiro lançamento orbital está previsto para acontecer em 2021. A empresa está em sua terceira rodada de captação de recursos e quer levantar até 100 milhões de yuans.
Investimento e desafios
Os financiamentos feitos em 2018 permitiu que empresas como a LinkSpace lançasse protótipos, planejando mais testes e até propondo lançamentos operacionais este ano.
No ano passado, o investimento em startups da China chegou a US$ 533 milhões, segundo um relatório da FutureAerospace.
Como as startups de lançamento espacial em outras partes do mundo, o desafio imediato para os empreendedores chineses é desenvolver um foguete seguro e confiável. Mas ainda é um negócio de alto risco, e um lançamento malsucedido pode matar uma empresa.
O talento comprovado para desenvolver esse tipo de hardware pode ser encontrado nos institutos de pesquisa estatais da China ou nas forças armadas; o governo apoia diretamente as empresas privadas, permitindo que elas sejam lançadas a partir de instalações controladas por militares.