Caracas, Venezuela - O presidente venezuelano Nicolás Maduro convocou neste sábado (4/5) as Forças Armadas para que fiquem a postos para defender o país de um eventual ataque dos Estados Unidos, coincidindo com mobilizações convocadas pela oposição Juan Guaidó na direção de bases militares.
Acompanhado pelo alto comando e milhares de soldados, Maduro pediu que eles "estejam prontos para defender o país com armas na mão, se o império americano ousar tocar essa terra".
"União, coesão, disciplina, obediência, subordinação e fundamental para a Constituição, o país, a revolução e o comandante-em-chefe legítimo", afirmou o presidente ante de cerca de 5.000 soldados, cadetes em sua maioria.
Antes do discurso, transmitido por rádio e televisão estatais, Maduro dirigiu um veículo militar em uma grande esplanada onde funciona uma base de treinamento das Forças Armadas, em El Pao, no estado de Cojedes (noroeste).
Depois de um fracassado levante liderado por Guaidó na terça-feira, o presidente socialista reiterou o seu apelo à lealdade, e exigiu que os militares fiquem de "olho aberto quanto a traidores e a quinta coluna".
"Os generais e almirantes foram informados ontem: lealdade, eu quero uma lealdade ativa (...) Eu confio em você, mas olho aberto, um punhado de traidores não podem manchar a honra, unidade, coesão e imagem da Força Armada", afirmou Maduro.
"Eles têm uma guerra de carácter não convencional para enfraquecer o país e uma conspiração com muito dinheiro para enfraquecer, para destruir e dividir a Força Armada Nacional Bolivariana de dentro, com um grupo de golpistas traidores", afirmou ainda.
Opositores convocados por Guaidó devem marchar neste sábado em direção aos principais quartéis venezuelanos para exigir que a Força Armada deixe de apoiar o presidente Nicolás Maduro.
Os manifestantes tentarão fazer uma proclamação pedindo aos militares que apóiem um governo de transição liderado por Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países.
O líder da oposição, que liderou o levante junto com outro nome importante do movimento, Leopoldo López, libertado pelos insurgentes de sua prisão domiciliar, enfatizou a natureza pacífica das manifestações.
Os distúrbios de terça-feira e os protestos contra Maduro na quarta-feira deixaram quatro civis mortos, 200 feridos e 205 detidos, segundo a Anistia Internacional.
Juan Guaidó garantiu na sexta que o presidente Maduro submete os principais comandantes militares ao teste do polígrafo para confirmar sua lealdade.
"Não há confiança" dentro do governo socialista, apesar das habituais manifestações de lealdade da cúpula militar, afirmou ainda.
"Quero fazer um apelo a estes soldados (...), que apoiem a resposta do povo da Venezuela (...) e o acompanhe nas ruas (...) contra os que se fecham, que se escondem em quatro paredes, que submetem aos polígrafos todo o seu alto comando para ver quem é quem", disse o líder opositor.